Archive for August 2013

Luke & Lukas's Theme (Saga Platina)

The Fighter
Luke & Lukas (The Wallers Brothers)


"Só de acordar de manhã com a batida
Pra falar a verdade, eu nem dormi muito bem
Sabe a sensação de perder sua linha de pensamento?

Metade da população está esperando me ver cair
Certo... é melhor você tentar congelar o inferno
Alguns de nós fazem isso pelas mulheres
Outros, pelas vendas

Mas faço pelas crianças, a vida é dura, é hora de seguir em frente
Toda vez que você cai, é só para fortalecer
Eu ficarei por perto de você do meio até o fim
Ou quando você ouvir essa música da patroa

Até o juiz apitar
Até seus dois olhos incharem
Até a multidão ir para casa
O que vamos fazer, pessoal?

Faça-os passar por um inferno, virar cabeça
Vou viver a vida até morrermos
Me dê cicatrizes, me dê dor
Depois apenas me dirão, me dirão, me dirão
Lá se vai um lutador
Lá se vai um lutador
Aí vem um lutador
Isso é o que dirão para mim, dirão para mim
Dirão para mim: Esse aqui é um lutador!"

Clique aqui para ouvir
e fazer o download da música!


Notas do Autor (Capítulo 86)


O que dizer ao alcançar uma etapa como essa? Uma marca pessoal, uma meta, um desafio. É de maneira inesperada que encerramos a primeira parte da Saga Platina, e assim, entramos uma última vez em hiatus, um estado de espera. Um treino.

Yeah, eu estava planejando isso há bastante tempo... Vocês puderam notar que eu segurei ao máximo todas as evoluções dos Pokémons nessa temporada, isto porque algo realmente grande estava para vir. Algo que envolveu tudo, desde o retorno do Erick na história, a amizade de Dawn com a Cynthia, e a derrota de Luke para o Volkner. Tudo isso serviu como contexto para o destino que os Irmãos Wallers irão tomar.

Seis meses. Seis meses de treino intensivo.
Está na hora de encarar a Liga Pokémon!

Terminamos aqui esta primeira parte, e agora não sei dizer ao certo quando voltaremos... Pode demorar seis meses de verdade? Não, nem tanto, eu espero. Ficarei afastado pelo tempo necessário, pode demorar até um mês, quem sabe apenas uma semana? Eu sempre surpreendo vocês, e vocês também sabem melhor do que ninguém que não consigo ficar longe de minha Sinnoh! Tudo depende da velha inspiração, dos leitores, da motivação, comentários e muita força de vontade. Estarei fazendo essa pausa porque entrarei aqui com um projeto bem antigo que deve ser concluído antes do retorno final do Aventuras em Sinnoh: O Remake dos Fire Tales.

Quero que todos os Pokémons retornem desses seis meses de treinamento com uma aparência nova. Desde aqueles que já alcançaram a última evolução até os que ainda estavam feitos com lápis de cor. Irei refazer todos eles uma última vez, porque dessa vez, definitivamente, será a última. Todos voltarão evoluídos, poderosos, triunfais! Porque daqui para frente temos a contagem regressiva para a Liga Pokémon, e eu não quero perder nem um segundo sequer. Já comecei a trabalhar neles há bastante tempo, já estamos meio caminho andado.

Sobre o Capítulo

Nossa equipe se desfaz, cada um seguindo para um canto com professores diferentes e métodos diferentes. Não serão seis meses de treinos com os amigos, será algo mais isolado. É a primeira vez que todos irão se separar. O Capítulo final desta primeira parte da Saga Platina visa reunir nossos jovens uma última vez com suas famílias, é como aquele momento de confraternização antes de encarar de frente uma guerra que está por vir. Reunimos os velhos rostinhos da Ex-Elite que tanto nos marcou de volta à primeira temporada, e agora também ao lado de amigos conquistados no caminho, namoradas, Pokémons. É assim que as famílias vão se construindo, de momentos inesperados e amizades surpreendentes!

Pois bem, e como finalizar essas notas com essa sensação tão esquisita no coração? Vai ser estranho ficar mais uma vez sem os capítulos na sexta feira, mas podem ter certeza que estarei atualizando vocês com cada remake dos Fire Tales, e também com Supports e cenas especiais que faltaram. Irei criar uma postagem que permite vocês darem uma "espiada" no progresso do treino, e garanto que irão gostar!

E preparem-se... Porque quando eu voltar, é para valer, é para terminar.
A Liga Pokémon está batendo a nossa porta, vamos dar-lhe as boas vindas!

Capítulo 86

Faça seu Nome ser Lembrado!


Já teve aquela sensação de que algo dependia de você?
Não é como se sua vida fosse mudar depois disso, obviamente é possível continuar seguindo seu ritmo após uma vitória ou uma derrota bem merecida. Mas trata-se da Honra. É aquela velha ideia de que as pessoas estão te olhando, todas julgando, esperando algo grande vindo de você. Caso a derrota seja o caminho tomado, você receberá tapinhas nas costas de pessoas que dizem: Tudo bem, dá para tentar na próxima.
Mas não se trata de tentar na próxima.
É por seu ego, por sua determinação. Você vê todos os demais passarem, todos os demais chegarem um passo mais perto de seu sonho, e você não.
Ontem eu enfrentei o Volkner. Alguns poderiam dizer que foi empate, mas empate ou não, para mim aquilo serviu como uma experiência. Em meu íntimo acredito que perdi, e percebo assim que preciso treinar muito antes dos desafios que estão por vir.
A questão, acho eu, é que eu preciso treinar. Eu quero.
Trata-se da honra, do ego, da determinação. Deles, acima de tudo. De quando você subir naquele pódio e as pessoas apontarem cochichando bem baixinho entre elas: Ali vai um verdadeiro campeão!  Eles te lançam no inferno, eles te dão cicatrizes, trazem a dor até você e te fazem chorar no fim das contas, mas pelo menos estarão lá para te julgar. E pelo incrível que pareça, muitas vezes batalhamos para mostrar ao mundo essa capacidade. E eles dirão: Ali vai um lutador, um Lutador!
E dirão a mim: Este é um Lutador.

• • •

Já passava do meio dia e Luke ainda não havia acordado. Dawn ficava entrando na porta de seu quarto, abria um pequeno vão e espiava tudo lá dentro com olhos ágeis e ansiosos. Estava esperando a manhã toda que seu namorado acordasse para dar-lhe um presente, mas o jovem treinador estava mais do que exausto e não parecia disposto a sair da cama tão cedo.
A moça fechou a porta silenciosamente e foi em direção da sala onde Lukas preparava uma singela mesa para o almoço. Dawn cruzou os braços e sentou-se deprimida no sofá.
— Acho que o Luke morreu — ela disse preocupada.
— Dawn, ele é tipo um Ursaring hibernando. Deixe-o dormir, ele sempre gostou. E deve estar cansado de ontem, quando deu meia noite o Luke me disse que estava indo resolver algumas “coisas”, e eu nem vi o horário que voltou — respondeu Lukas.
— O pobrezinho deve estar exausto mesmo... — comentou Dawn.
— Temos bastante tempo agora. Na verdade, tempo até demais... Sabia que remarcaram o Grande Festival para o fim do ano, só para combinar o dia com a Liga Pokémon e ter uma maior repercussão? O que vamos fazer nesses próximos seis meses?
Dawn ajeitou-se em seu canto e cruzou as pernas, observando atentamente um pequeno embrulho escondido perto do sofá.
— Sei lá, talvez... Possamos ficar dando voltas, aproveitando mais um do outro, de uma maneira que não fazemos quando estamos em aventura.
— Já nos vemos todos os dias, você não se enjoa da gente? — brincou Lukas.
— É que acompanha-los é uma coisa, mas eu queria um tempinho... Só nosso. Um meu e do Luke. É que eu estava ansiosa para dar aquele presente para ele... Será que ele vai gostar?
— É aquilo que você comprou nas lojinhas de Sunyshore ontem, não? — disse Lukas com um sorriso doce. — Por sorte é fácil agradar o Luke com um presente. Ele gosta de coisinhas simples, pelo incrível que pareça não liga para presentes caros.
— Verdade?
— Sim, sim. Lembro uma vez em que estávamos mergulhando na praia a oeste de Sunyshore, próximo à Rota 222, e ele achou uma pedra achatada. Aí começou com uma ideia engraçada de pedir para todos os amigos dele assinarem a pedra, e até hoje ele a guarda em algum lugar perdido na casa de nossos avós.
— Mas o que exatamente uma pedra tem de tão importante? — perguntou a garota. — Tipo... É só uma pedra como qualquer outra, não?
Lukas levantou-se enquanto observava o mar azul da janela na sala.
— Oh, mas nenhum de nós conhece a história daquela pedra. Já pensou quanto tempo ela passou perdida, à deriva das ondas, somente para cair nas mãos do meu irmão? Creio que ele tenha tido este pensamento, de que aquela pedra estava destinada a encontrá-lo, tornando isto uma causa.
— Vocês têm uma filosofia de vida esquisita, — comentou Dawn — mas o pior é que faz sentido! Gosto dessas pequenas coisinhas em nossa vida, embora eu nunca havia parado para pensar por esse lado. Acho que nunca mais olharei uma pedra da mesma maneira!
Ela riu sozinha enquanto saía em direção da varanda ali fora.
— Vou ali fora tomar um ar fresco e já volto, tudo bem?


Dawn caminhou pelo jardim da casa de Erick com passos lentos, sentindo o vento soprar em seu rosto e a grama balançar sutilmente sobre seus pés. Vestia uma saia simples de cor lilás, com sandálias e nenhuma maquiagem do rosto, estava da maneira como gostava de ficar quando estava em sua própria casa em Sandgem. Os cabelos agora soltos já estavam emaranhados por conta do sol que voltara a brilhar logo cedo. Aquele cheiro de maresia, a água salgada, a visão belíssima; tudo trazia vagas lembranças de sua cidade natal, e de muitas outras.
Há quanto tempo já havia saído em jornada?
Dawn não sabia dizer, mas parecia que fazia muito. Na realidade não queria nem lembrar, desejava apenas que aquilo durasse para sempre. Quanto mais pensava, mais parecia que o final se aproximava. Luke estava com sua oitava e última insígnia, Lukas tinha em mãos a quinta fita pela performance em uma das apresentações mais incríveis de sua carreira como coordenador. E Dawn ainda nem sabia o que fazer de sua vida! Estava se tornando mulher, com novos desejos e anseios. Será que ela poderia continuar com aquela Aventura Pokémon por muito tempo?
— Ahh, eu queria ser criança para sempre...
Dawn liberou de sua pokébola um pequeno Piplup que há meses não tomava um pouco de ar. O Pokémon costumava ser seu único companheiro antes de sair naquela jornada incrível atrás de aventuras, mas no fim das contas surgiram tantos outras histórias para contar, amigos, rivais, problemas e imprevistos...
— Quando foi que eu cresci e nem notei, Piplup?
O pinguinzinho a rodeava alegre, foi em direção do penhasco e observou claramente as ondas baterem na rocha da falésia lá de baixo. Era uma vista linda, e Erick podia considerar-se afortunado por ter uma moradia tão linda na beira da praia e com uma vista daquelas. Até mesmo o farol estava, curiosamente, aceso, como se fizesse testes para voltar a funcionar.
Dawn abraçou seus próprios joelhos com mais força e retirou os chinelos.
— Piplup, eu não quero que essa aventura termine. Não quero mesmo. O que devo fazer?
O vento soprou mais forte de modo que Dawn tivesse de tirar os fios de cabelo do rosto que lhe atrapalhavam a visão. Esperava a resposta do vento, e ele sempre a surpreendia. A moça ergueu os olhos em direção do céu e viu uma imensa sombra que se aproximava de maneira suntuosa, fazendo um pouso digno no quintal da casa de Erick obrigando as árvores a se curvarem como se fossem receber um rei.
Era um imenso Salamence que carregava duas pessoas como seus passageiros, um homem e uma mulher. Dawn os reconheceu na hora, qualquer um reconheceria. Lukas saiu da casa correndo para saber de onde viera aquela rajada de vento, e surpreendeu-se ao notar a visita inesperada de seus pais de maneira repentina em sua aventura.
Melyssa desceu do grandioso dragão e esticou os braços em direção de seu filho que foi correndo para aninhar-se no aconchego do carinho de mãe.
— Mamãe? Pai? C-Como chegaram até aqui?
— Nós viemos fazer uma pequena visita, mas acredito que chegamos antes de todos os demais — respondeu Walter com uma risada. — O Erick foi visitar-nos em Twinleaf, então nada mais justo do que vir visitá-lo em Sunyshore, certo?
— Nós saímos juntos, mas você conhece seu pai... Se houvesse leis de trânsito no céu, ele já tinha perdido a carteira de motorista! — Melyssa retribuiu uma risada para seu marido, e Walter não escondia que adorava voar pelos ares como se estivesse em uma corrida.
— O Erick deve estar vindo pelo oceano, enquanto o Glenn e o Marshall muito provavelmente devem estar apostando corrida com ele para ver qual meio é mais rápido, a terra ou o mar. E eu aposto que o pequeno vai ficar por último, como sempre.
Dawn foi caminhando em direção dos dois para um cumprimento rápido.
— Senhor Walter, senhorita Melyssa, é um prazer revê-los!
— Ohh, a garota das batatas.
— O senhor nunca esquecerá aquele incidente? — ela deu uma risada.
— Aquilo me marcou, e se eu me lembro, pode ter certeza que foi muito importante para mim. Como vai, minha pequena norinha? — Walter não escondeu uma gargalhada. — É bom saber que está aqui para cuidar bem de meu filhotinho. O Luke está se comportando ou dando muito trabalho para você?
— Está dormindo — Dawn apontou para ao lado longe.
O próprio Walter esboçou uma feição severa.
— Dormindo? Já passa do meio dia e ele ainda está dormindo? Ora, vamos só esperar o Glenn e o Marshall chegar, e preparar uma surpresinha para ele...
Não demorou muito para que o barulho de uma cachoeira pudesse ser ouvido, e de cima do penhasco foi possível avistar uma onda elevando-se como se fosse dona de si própria. Um show de água e cores foi feito, misturando-se com a luz do sol e a coloração lilás de uma belíssima Kingdra Shiny que ali estava sobre uma torre de água que formava uma escada, praticamente a anunciando a entrada triunfal de alguém. E de braços esticados, ali estava Erick com a pompa que ele devia ter tido quando ainda fazia parte da Elite. Um ar notório de superioridade que jamais havia desaparecido dele.


— Ah, maldição, senhor Walter! Você ganhou mais uma vez! — Erick falou enquanto descia da pilastra de água que se desmanchava atrás dele. Sua Kingdra retornou para o mar ao aguardo de novas ordens logo em seguida.
Walter coçou a barba num sinal vitorioso. Gostava de ganhar.
— O céu sempre será o meio de transporte mais rápido de todos, só não imaginei que você fosse o segundo a chegar.
— E alguém não vai ficar nada feliz por perder a corrida — Erick olhava para uma cortina de fumaça e poeira que se fazia em uma estradinha de terra lá perto.
Os últimos a fazerem seu caminho até Sunyshore foram Glenn e Marshall, que vinham de carro. Mas a viagem já estava demorando tanto que um Rhyperior vinha carregando um Bugatti Veyron nas costas sem maiores problemas como se fosse sua mochilinha para a escola. Marshall segurava no volante calmamente como uma criança que não sabe dirigir senta no assento do motorista, enquanto Glenn bufava de raiva e apertava a buzina.
— De que adianta ter um carrão desses com 1.001 cavalos de potência, se essa região não têm lugar para andar com ele?!! É por isso que as pessoas nunca usam carros em Sinnoh, você fica preso no meio do mato a cada rota nova que faz!!
Glenn abriu a porta do carro e quando foi tentar descer, ainda na cauda de seu Rhyperior. Ele apontou para Erick parecendo extremamente revoltado e gritou:


— Você só ganhou porque o ambiente não me favoreceu, baixinho!!
— Meu caro Combs, os Pokémons sempre serão o melhor meio de transporte do mundo! E esse seu carro velho está poluindo demais o meio ambiente. Minhas águas não estão felizes com isso. O legal é pensar que três quartos da Terra é coberto de água, então... Eu levo uma ligeira vantagem, não acha?
Glenn ainda queria esganar o pobre Erick, e Marshall apressou-se em ir em direção de Walter para cumprimentá-lo, em seguida sendo surpreendido por Lukas que abraçou-o com carinho e ternura. Estavam todos ali, todos reunidos. Há quanto tempo aquilo não acontecia? Parecia ser motivo de uma reunião importante capaz de decidir o futuro de todos, mas na realidade tratava-se apenas de um almoço. Mas um almoço que com toda certeza não seria esquecido.
Walter olhou para a humilde casinha de Erick e levou as mãos até a cintura, soltando um suspiro de gratificação. Muita coisa mudara.
— Então, todos esses anos, você continuou na mesma casa... Lembro-me de ter vindo aqui uma ou duas vezes. Sunyshore me traz tantas boas lembranças!
— Na realidade, eu me mudei várias vezes. Comprei algumas ilhas paradisíacas nas Ilhas Laranja, cheguei a ir aos melhores hotéis de Hoenn, mas nada me agradava... Pouco a pouco tudo isso foi sumindo, até que voltei para cá e fiz um acordo com um velho para comprar de volta essa casa. Cheguei a pagar três vezes seu preço real! — Erick deu uma risada. — Embora tenha valido a pena... Este lugar também era especial para mim... Ele me acolheu quando todo o restante deu as costas.
— Você só se esqueceu de procurar a nossa casa quando precisou, mocinho — respondeu Melyssa, dando um tapinha na cabeça de Erick antes de entrar. — Podemos começar a preparar o almoço? Tenho um marido velho e barrigudo para alimentar, e ele fica tão bravo quanto um Snorlax quando fica sem comer!
— De maneira alguma, querida. Hoje nós combinamos que sou eu quem irá preparar o almoço — disse Walter em voz alta, para o espanto de todos. — Irei mostrar meus dotes culinários como o Campeão da Gastronomia.
Lukas revelou um sorrisinho e Dawn cutucou-o com o braço.
— Agora você sabe de onde vem essa sua habilidade culinária, não?

Todos adentraram a casa de Erick, que fora deixada em perfeitas condições por Lukas e Dawn que fizeram questão de cuidar dela nos últimos dias de sua hospedagem em Sunyshore. Havia dois sofás simples em torno de uma televisão, móveis de madeira refinados com um toque de praia em cada uma das prateleiras que guardavam conchinhas e outros objetos feitos manualmente, comprados em feiras de rua como presentes para amigos e familiares.
Marshall retirou seu chapéu e colocou o terno sobre um cabide. Erick ia apresentando as mudanças na casa para Walter e Melyssa, enquanto Glenn entrava chutando a porta.
— Cadê o pivete?! Por que aquele moleque não foi me cumprimentar??
— Está falando do Luke? — perguntou Dawn. — Ele está dormindo ainda...
— Dormindo?! Essa molecada só dorme, não faz droga nenhuma, e ainda acorda com sono! Aquele moleque... Vou dar um susto que ele jamais vai esquecer.
Enquanto Walter e Melyssa conheciam o segundo andar da casa, era possível ouvir a gritaria vinda lá de baixo, e o que parecia ser um Glenn se jogando em cima Luke e pedindo para que todos seus Pokémons gigantescos fizessem um montinho em cima do pobre coitado. Era a maneira mais legal de acordar uma pessoa.
Walter deu de ombros para a gritaria e observou o material de uma das portas.
— A casa está muito bem conservada, mesmo apesar da idade — disse o velho. — Você cuidou bem dela, Erick.
— É uma das poucas coisas boas que me restaram daquela época... Eu tinha de cuidar dela.
O rapaz esboçava uma feição entristecida e desamparada, e ainda era claro que ele não havia se recuperado dos últimos dez anos, frios e conturbados na companhia da solidão. Melyssa aninhou a cabeça do jovem em seu peito enquanto acariciava seus cabelos azulados.
— Já passou, meu querido. Agora está na hora de você me mostrar um sorriso e começar tudo de novo, não? Novos treinos, um novo estilo de vida, um novo sonho!
— Não sei se tenho mais objetivos, e nem sonhos, Melyssa... Parece que estou apenas seguindo o fluxo da vida, sem um caminho certo — comentou Erick.
— Você vai encontrar um mais cedo do que imagina, querido. Eu sei que vai.
Após terminarem de olhar todo o segundo andar, a senhorita Wallers comentou:
— Agora me mostre logo essa cozinha, porque estou doida para ver meu marido preparar toda a comida enquanto eu estico minhas pernas e assisto Vídeo Show na sala!
Os três desceram e se depararam com um Luke completamente acabado, com uma coberta envolvendo suas costas e os olhos arregalados de alguém que levara um susto tão grande que ainda não se recuperara por completo. Seu cabelo estava mais bagunçado do que um Shinx eletricutado, e sua mão com uma xícara de café ainda tremia. Luke abraçou seus pais, e o mais engraçado era notar aquele semblante do garoto. Como se nada tivesse mudado, agia com uma naturalidade imensa. Haviam se passado dez longos anos, mas ele agia como se estivesse em sua própria casa nos anos dourados da Elite.
— O que tem para o almoço? — Luke perguntou já se enturmando.
— Seu pai vai cozinhar — respondeu Glenn, sem esconder uma risada. — Então se prepare para morrer de fome.
— Vocês ficam aí caçoando de mim, vou mostrar que homem de verdade é aquele que sabe cozinhar — Walter também ria, enquanto colocava um avental de cozinha preto que mal cabia em seu corpo.
Pôde-se ouvir uma batida na porta, e por um instante todos pensaram se faltava alguém na sala. Lukas sentiu uma vibração positiva de seu colar, e quando foi atender deu de cara com Paula esperando-lhe do outro lado.
— P-Paula? Eu pensei que fosse voltar só semana que vem!
— Eu consegui tirar umas férias do conselho. Umas férias básicas de 12 horas, ou então o espaço fica em desequilíbrio sem a minha presença. Tudo para vir vê-lo! Senti que hoje seria um dia especial para você, e eu não poderia perder isso por nada.
Lukas corou levemente, sentindo uma imensa alegria pelo fato da Guardiã do Espaço deixar de cumprir seus deveres por algumas horas só para ficar ao lado dele. Aquele dia realmente seria inesquecível!
A cabeça de Glenn foi aparecendo de relance pela porta, falando bem alto em seguida:
— Aí, Waltão! Sua outra nora chegou! Por que não me avisaram que todos estavam trazendo a namorada? Se eu soubesse trazia as minhas também!
— A diferença é que você já está na casa dos quarenta, Glenn. Ninguém quer conhecer suas namoradinhas, a menos que vá se casar — respondeu Marshall.
— Olha só quem fala, o solteiro mais cobiçado da polícia. Fala sério, cara. Quarenta anos de idade, mas temos o corpinho e aparência de vinte! Só o Waltão que envelheceu alguns séculos. Viu só? É isso que filho faz com a gente...

Walter ia preparando diversas panelas ao mesmo tempo, era claro que ele sabia o que estava fazendo. Com seu Alakazam e um Gengar ao lado ele conseguia fazer tudo ao mesmo tempo, apenas mantendo o controle e a ordem na cozinha que já podia ser considerada uma arena de batalha. Melyssa não conseguia ficar longe de qualquer tarefa, então ajudava a preparar a mesa. Lukas e Paula também ajudavam no que fosse possível, enquanto Luke contava para Glenn de suas tantas aventuras até a chegada em Sunyshore.
O jovem então revelou seu porta insígnias com orgulho para o veterano.
— Oito insígnias? C-Caraca, baixinho... Você conseguiu!!
— Pois é, deu um trabalhão, mas cá estamos. Nem sei mais o que fazer agora, parece que completei mais um pedaço de meu sonho! Só falta um para cumpri-lo perfeitamente agora.
— A Liga ainda está bem longe — confirmou Marshall de longe. — O que pretende fazer nesse meio tempo?
— Ainda não faço ideia. Tô pensando em voltar para Twinleaf, ficar lá de boa, descansando. Tirar tipo umas férias e relaxar! O que acham?
Erick ouvia tudo de longe. Glenn dava tapinhas no ombro do garoto e o incentivava.
— Hah, hah! Demorô, baixinho! Vou levar você e seu irmão para o Hotel Deluxe Heart, aí passamos uma semana inteira vendo as gatinhas no corredor e os brotinhos na piscina. Eu até dou entrada para vocês no cassino, por minha conta.
Luke adorara a ideia, foi então que viu Dawn sentada no sofá, um pouco sozinha e desacompanhada. Ela parecia meio deslocada, afinal, era como uma namorada devia sentir-se ao ir visitar a família de seu namorado pela primeira vez.
Luke chamou-a para mais perto antes de falar:
— Pra falar a verdade, estou pensando em passar uns tempos com a minha mina também.
— Opa, esqueci que tu está comprometido! — brincou Glenn. — Não tem problema, a gente leva ela também!!
Dawn pegou uma pequena sacolinha que estava escondida e levou-a em direção de Luke. Glenn caçoou ainda mais dos dois, e lembrou-se de quando era ele em sua época tentando chamar a atenção das menininhas de seu bairro. Luke fora pego desprevenido com a surpresa.
— Pra você — disse Dawn de maneira singela.
Luke abriu o presente, suas bochechas estavam extremamente coradas, e era raro aquilo acontecer. Talvez ele estivesse envergonhado porque estava na frente de seu pai e de Glenn. Quando abriu o pacotinho improvisado, encontrou um colar de metal com seu nome gravado nele.
— Caraca, Dawn! Isso é muito show, parece aquelas plaquinhas de identificação que o Wolverine usa!
— Seu irmão também comprou — respondeu a moça. Luke procurou por Lukas na cozinha e viu que ele realmente estava com um colar muito semelhante. — É para vocês se lembrarem que um completa o outro, porque esses dois colares se conectam. Nunca se esqueça.
Luke segurou em uma das mãos de Dawn, e talvez quando estava para agradecê-la com um beijo, Glenn a interrompeu.
— Ei, mocinha. Você não quer chamar umas amigas suas?
— Como assim?
— Ahh, você está aí toda envergonhada. Quer chamar alguma amiga para o almoço de hoje? Só para relaxar, quem sabe você se solta mais?
— Chama a Cynthia, Dawn — falou Luke.
Glenn arregalou os olhos ao ouvir aquilo.
— Vocês conhecem a Cynthia?!! Porra cara, ela é tipo minha irmãzinha, conheci ela outro dia em Hearthome e nós até gravamos uma música juntos! Essa Cynthia é bem da hora.
— Gostosa — comentou Luke, acenando com a cabeça.
— Gostosa — confirmou Glenn da mesma maneira, olhando para o vento como se esboçasse o corpo da loira em sua mente. — Enfim. Vamos chamar a Cynthia então, agora sou eu que quero convidá-la para um jantar!
— É almoço, Glenn. — Marshall o corrigiu.
— Quem sabe não rola nada depois, hm?
— Ela é quase dez anos mais nova do que você — o homem deu uma risada. — E acredite, você não faz o tipo dela.
— Ora, falou o cara que a conhece perfeitamente!
— E a conheço. A Cynthia trabalhou no setor de pesquisa e informação da polícia há alguns anos. Fomos colegas de trabalho.
— Porra, essa mulher conhece metade de Sinnoh?! Isso que dá ser Loira, chama atenção por onde quer que passe...
Glenn procurou pelo número do celular de Cynthia no mesmo instante, e bastou apenas alguns segundos para uma rápida ligação e um convite especial. A loira parecia empolgada do outro lado da linha, mas a conversa foi breve. Glenn apenas acenava com o dedão positivo e um sorriso que mal cabia em seu rosto, como se confirmasse: “Ela vem!” Ele e Luke estavam animados, mas parecia que era Dawn quem estava mais feliz.
Walter já avançava com seus pratos de culinária exótica, e parecia que o velho homem levava tanto jeito na cozinha quanto sua esposa. O ex-campeão tinha um cuidado especial com aquilo, gostava de improvisar e testar novos temperos, e sempre se surpreendia por acertar. Os pratos ficavam não apenas saborosos, mas belos e apetitosos. Melyssa chegava a sentir inveja de todos o elogiarem pelo cheiro maravilhoso que vinha da cozinha.
— Pai, esse cheiro está me dando água na boca! Quando vai ficar pronto? — perguntou Lukas.
— Só mais alguns minutinhos — ele respondeu.
— Será que vai dar tempo da Cynthia chegar? — perguntou Dawn.
— Se não der, a gente espera!! — Glenn dizia de modo animado.
Logo, havia dado o tempo perfeito para que a carne estivesse pronta, e todas as demais panelas já fervilhavam com um arroz temperado com sazon, um molho curry para aqueles que gostavam de comida apimentada como Luke e até mesmo macarronadas para o lado italiano da família Wallers. Havia ainda um pouco de vinho da adega de Erick, e a mesa de jantar estava arrumada de maneira especial para uma ocasião ainda mais especial.
Enquanto Walter colocava as panelas direto do fogo para a mesa, ouviu-se uma batida na porta mais uma vez. Dawn foi quem atendeu, e a expressão da loira foi impagável.
— D-Dawn? O que faz aqui? — perguntou Cynthia.
— Hm, surpresa!? — ela falou encabulada. Nem ela sabia ao certo o que estava fazendo ali. — N-Não consigo nem acreditar que você veio mesmo, Cynthia!
— O senhor Glenn Combs havia me convidado para almoçar com a família dele... Quer dizer que você é filha dele??
Dawn deu uma gargalhada.
— Não exatamente, mas acho que estou começando a me sentir parte dessa família de verdade. Você, hm, vai entrar?
— Com você por perto eu até me sinto mais à vontade.
Somente quando Cynthia entrou na casa ela pôde compreender melhor o que era aquela “Família”. Pessoas que não tinham ligações sanguíneas, mas que acabavam criando laços muito mais poderosos. E todos que lá estavam já eram velhos conhecidos dela, inclusive Erick. Não foram necessárias cortesias ou cumprimentos, Glenn apenas acenou de longe e puxou uma cadeira do seu lado na mesa.
— Chega aí, loira! Vem comer que o cheiro tá bom!
— Nada disso, senhor Glenn. — respondeu Melyssa batendo na cabeça do homem com um pano de cozinha. — Quem vai se sentar na ponta é o dono da casa, o Erick!
— Eu não poderia — o jovem acrescentou. — Quem realmente deve sentar na ponta é aquele que nos incentivou a tudo isso... Que nos guiou e serviu como inspiração! Afinal, onde está o Walter?
— Opa, licencinha! Quem senta na ponta é o cara foda, ou seja, eu!
Antes que o velho se sentasse em seu aposento real, Luke já havia pulado para pegar a cadeira da ponta.
Walter puxou-o para fora e colocou outra cadeira no lugar. Começava uma briga intensa para ver quem sentaria na ponta.
— Ei! Tu me tirou do meu trono! — disse Luke furioso.
— A cadeira da ponta é minha, sempre foi, e sempre vai ser — respondeu Walter com uma risada.
— Por que??
— Porque, Luke... eu sou seu pai.
— Noooooooooo!
E todos caíram na risada.
A mesa estava servida, e ficava até difícil separar onde cada um havia tomado como assento, porque cada hora alguém levantava para pegar uma comida que estava na ponta e acabava sentando no lugar do outro. Erick teve até de sentar-se na sala, porque sua mesa não era feita para receber tantas pessoas, e eles tiveram de improvisar. Ele olhava para tudo aquilo admirado, extasiado. Fazia tanto tempo que não sentia aquela sensação familiar que mal podia acreditar que estava ali, estava de volta.
E a família Wallers falava de tantas besteiras que ficava até difícil entender o assunto. Melyssa estava furiosa com Walter porque todos pareciam preferir a comida do velho campeão à dela. Glenn parecia cantar Cynthia, embora a loira parecesse mais interessada mesmo em conversar com Dawn. Marshall olhava para Lukas ao lado de Paula e sentia orgulho em ver seu garotinho crescer, recebendo todo o carinho e cuidado de alguém que o considerava especial. Luke estava com a boca tão cheia que mal conseguia falar.
Erick sentiu vontade de chorar de emoção com aquilo. A saudade era o sentimento que prevalecia, mas acima de tudo, a concretização. Enquanto se deliciava com o banquete, veio-lhe uma dúvida:
— Luke, vi que você conseguiu as oito insígnias.
O jovem retirou o estojo do bolso e mostrou para todos. Walter pareceu surpreso, assim como Cynthia. Pelo fato de já terem sido campeões, eles é quem deveriam sentir mais orgulho daquilo.
E Lukas fez o mesmo, revelou as cinco fitas.
— Vocês conseguiram! — disse Melyssa, ainda mais orgulhosa de seus filhos. — Mal posso acreditar, no fim das contas esse almoço também serviu como uma parabenização por estes feitos!
— Agora, só falta a Liga Pokémon... E caso você a vença, entra a Elite e a disputa pelo título de campeão — comentou Cynthia de maneira simpática. — Eu é que não gostaria de estar lá em cima quando você me desafiasse!
— Ahh, mas um dia ainda vamos lutar, né? — brincou Luke, agradecendo o elogio e o apoio de todos.
O jovem olhou bem para suas insígnias por um tempo antes de comentar.
— O único problema é que... Não estou preparado para encarar a Liga.
— Você tem seis meses para isso, meu jovem — respondeu Marshall.
— Eu sei, mas é que já cheguei ao auge de meus treinos, não sei mais o que fazer, e preciso melhorar mais! Preciso melhorar eu como um treinador, meus Pokémons, minha concentração e determinação. Quero entrar naquela Liga com a certeza de que vou ganhar, quero ser o Melhor.
Walter acenava com a cabeça lentamente, sentindo que já ouvira aquela conversa antes em algum lugar. Ele olhou para Erick que apoiava os braços sobre a mesa com um estranho sorriso em mente, analisando tudo em silêncio. Walter sabia que o rapaz preparava alguma coisa.
— Então me diga, Luke... — Erick disse antes de levar o garfo até a boca. — O que acha de treinar comigo?
Agora foi a vez do garfo do jovem cair da mão.
— V-Você... tá falando sério?
— Seis meses até a Liga, não? Esse é o tempo que tenho para torná-lo o melhor de todos. Eu tinha praticamente a sua idade quando surpreendi seu pai e entrei na equipe. Posso fazer com que você faça o mesmo, e talvez até melhor.
— Um treinador para um treinador! — comentou Dawn. — Isso é incrível, você será lembrado como o novo prodígio, Luke!
Luke levantou-se da mesa num salto.
— Cara, claro que eu quero!! Por favor, me treine!! Me mostre suas técnicas, seus métodos, tudo aquilo que o fez tornar-se tão lendário com a sua idade!! Eu prometo dar o meu melhor!
— Então está decidido — comentou Marshall do outro lado da mesa. — O Lukas também irá treinar.
O pequeno quase engasgou com seu suco, obrigando Paula a dar leves tapinhas em suas costas.
— Como é? Vocês estavam falando do Luke até agora, não? Por que de repente eu virei o assunto?
— Ora, não vai querer que apenas o seu irmão se destaque, certo? Não se esqueça que o Grande Festival também é no fim ano, e você têm de mostrar muito mais que uma apresentação, têm de provar que é forte. — dizia-lhe Marshall. — Então eu serei o encarregado por treiná-lo.
Glenn cochichava com Erick ali perto.
— Cara, será que o Marshall ainda faz aquele treino intensivo dele?
— “Aquele” tipo dos soldados espartanos? Nossa... — indagou Erick, em silêncio. — Estou começando a ficar com pena do pobre Lukas...
— Uow, então os Irmãos Wallers serão treinados por verdadeiras lendas! — disse Dawn em voz alta. — Agora só falta nós duas começarmos um treino também, não é, Cynthia?
A loira lançou um olhar tentador para a moça.
— E-Eu estava brincando.
— Gostei da ideia — Cynthia apressou-se. — Seria uma boa oportunidade para deixar seus dois amigos neste treino intensivo, enquanto nós duas também fazemos o nosso. Podemos viajar por aí, conhecer novos lugares. E você me disse que desejava ser pesquisadora. Posso ensinar tudo para você!
— Opa, então eu também quero ser pesquisador agora!! — disse Glenn levantando a mão, recebendo um cutucão de Melyssa ao seu lado.
Walter olhou para as três crianças, e gostou do que viu.
Sentiu determinação, fé, coragem e respeito pelos mais experientes. Estavam dispostos a dar tudo de si naquele treino, que apesar de longo e pesaroso, seria essencial para aquela reta final.

Por fim, o treino havia começado.
E a primeira etapa era limpar aquela louça imensa que Walter deixara na pia. Naquele sentido pelo menos Melyssa era um pouquinho mais cuidadosa, e agora estava explicado porque Walter nunca ficava para cozinhar nos almoços do dia a dia.
— Na hora de comer é bom, né? Agora quando tem que limpar tudo vocês somem! — disse Melyssa em voz alta, sabendo que iria restar para ela.
Luke e Erick já haviam saído pela porta de entrada em direção da praia, correndo como duas crianças que vão buscar seus Pokémons pela primeira vez.


As ondas iam e voltavam movimentando o fluxo de conchas que ali estavam. Luke pegou uma pedrinha e observou-a atentamente, jogando-a de volta para o mar sem muita força. Erick desenhava no chão com um graveto, parecendo definir uma estratégia desde agora para os próximos seis meses que estavam por vir.
O rapaz de cabelos azulados encarou Luke e sorriu, mas não disse nada. Seus olhos brilhantes encaravam o mar esperando a visita de alguém, e não demorou muito para que uma belíssima Kingdra Shiny fizesse seu caminho até a costa.
Luke estava pasmo com aquela visita, nunca antes vira um Pokémon de coloração diferente como aquele.
— Eu sabia, sabia! Você tinha um Kingdra, e ainda por cima, Shiny!
— Esta é a minha mais antiga companheira, não é mesmo, Akagi? Passamos por muitas coisas juntos, e ela estava lá quando entrei na Liga e lutei ao lado do seu pai. — Erick fez uma pausa. — Quem diria que agora eu voltaria e lutaria ao lado do filho dele?
Luke jogou uma pedra na água e observou-a quicar. O sol estava para se pôr, e a visão era tão linda quanto o brilho perolado das escamas da Kingdra. Erick sentou-se ao lado do jovem e soltou um suspiro.
— Acho que era disso que eu estava precisando. Um novo sentido, um objetivo, um sonho. — Erick olhou para o jovem. — E meu sonho agora é ver você ser campeão, é vê-lo chegar lá no topo e ser muito melhor do que eu. Eu nunca consegui me tornar campeão, e para ser bem sincero não penso mais nisso. Mas você, meu garoto... Nasceu para brilhar!
— Erick, eu vou dar tudo de mim para ser o melhor treinador que Sinnoh já viu.
O veterano da Elite levantou-se e olhou para o horizonte.
— Então vou te avisar de antemão como as coisas funcionarão em nosso treino, e não apenas nele, e sim, na vida.
Erick fazia uma contagem com seus dedos.
— 10% sorte. 20% habilidade. 15% concentração e força de vontade. 5% prazer. 50% dor. E 100% de razões para você conseguir seguir em frente e fazer o seu nome ser lembrado.
Luke também levantou-se.
— Então me diga o seu nome — pediu Erick.
— Luke.
— Eu não ouvi direito.
— Luke!
— Mais alto.
— LUKE!!
— Faça as pessoas se lembrarem.
— LUKE!!!
— ...Este é um Lutador! Faça o seu nome ser lembrado não apenas hoje, mas pela eternidade!

Fim da primeira parte da Saga Platina.

      

Pikmin 3 [Análise]

Eu podia jurar que eu já não gostava mais de ficar esperando muito tempo por um jogo. Uma sensação desenfreada de precisar daquilo, de querer ir comprá-lo logo no lançamento, de procurar reviews, detonados e informações só para ficar em dia com o game antes mesmo que ele tenha sido lançado.

Aí eu percebi que não existe idade para jogar video games, rs.

Quando o novo Pikmin 3 foi anunciado para o Wii U eu fiquei eufórico! O console mal recebeu divulgação ou atenção no Brasil até agora, então, se eu quisesse jogá-lo eu teria de esperar alguns anos luz e pagar uma "pequena" taxa de impostos, como de praxe. Até que fui surpreendido pela disponibilidade de baixar o jogo online pelo próprio Wii U. Consegui conectá-lo na internet depois de muito esforço, fiz todos os ajustes necessários, driblei o fato do eShop nem saber que o Brasil existe, e finalmente adquiri meu Pikmin 3 cerca de 15 dias depois de seu lançamento. Eu estava ansioso por colocar minhas mãos neste jogo, como há muito tempo não sentia. Na verdade, sinto que aos poucos estou entrando no clima da nova geração. E presumo que ela virá cheia de surpresas!

Quando se pensa nos jogos da Nintendo, os primeiros que nos vêm em mente são os mais previsíveis. Mario, Zelda, Metroid, Donkey Kong, Kirby, Pokémon... Franquias que se popularizaram cada vez mais com o passar dos anos... Que fazem os fãs esperarem por seu lançamento a cada ano, tendo em vista que a Nintendo já estipula datas quase previsíveis para se lançar algumas dessas franquias.



Mas e quanto aos Pikmins?

Tendo sido lançado há mais de uma década, quando estreou em 2001 com seu primeiro título para Game Cube, a série Pikmin permaneceu como um dos grandes segredos da Nintendo. Não possui a força dos jogos de Mario, ou o brilho extremo de Super Smash Bros. E aos que pensam que a Nintendo só tem Mario Kart, bem... Pikmin 3 é um dos melhores games que pude jogar nos últimos anos. Por um longo tempo estive longe de comprar novos títulos realmente bons, e creio que Pikmin 3 tenha sido apenas o precursor de jogos incríveis que o Wii U virá a nos oferecer.

Em uma Galáxia não muito distante...


Pikmin 3 começa com a expedição de três astronautas que são enviados para um planeta misterioso em uma expedição atrás de comida para sua terra natal. Assim que eles começam a explorar este planeta com aspectos e meio ambiente semelhantes ao da terra, eles encontram pequenas criaturinhas que se assemelham a insetos, os conhecidos Pikmin.



Pikmin 3: Um motivo para comprar o Wii U?

Como todos têm observado, o novo Wii U da Big N não têm se saído muito bem nas prateleiras, e com pouco menos de um ano no mercado as vendas ainda não dispararam como deveriam, por mais que o preço seja acessível. A própria Nintendo já admitiu que é a culpado pelas persistentes fracas vendas do Wii U, e até sugeriu que ela precisa de algumas novas franquias em seu mix previsível de jogos.

Não sei se Pikmin 3 é o suficiente para que gamers curiosos possam olhar para trás e pensar em investir no Wii U, mas sei que a franquia Pikmin num geral é o suficiente para fazê-los pensar sobre o assunto. Foi o primeiro jogo que realmente me fez pegar o Wii U para valer, começando assim a sua história. Foram três dias seguidos atrás da tela conhecendo cada vez melhor esse ambiente novo, tão incrível, mágico e perverso ao mesmo tempo. Pikmin 3 é apenas o começo de muito que ainda está por vir, disso eu posso ter certeza.

Qual a opinião de quem conferiu os dois títulos antecessores?

Na moral, eu odiava Pikmin. Acho que demorei 5 anos para olhar aquele jogo e tentar jogar para valer, porque o negócio era tão difícil, mas tão difícil, que minha cabeça de criança não conseguia resolver nada! Fases com cerca de apenas 10 minutos, múltiplas tarefas ao mesmo tempo, ver 50 bichinhos morrerem por um bem maior... Era demais para mim. Eu resetava toda vez que algum Pikmin de meu exército morria, o que tornava o game praticamente inviável.
Estes foram alguns dos chefões revelados nas primeiras imagens e trailers de Pikmin 3. O game surpreendeu com criaturas ainda maiores e mais assustadoras, e dessa vez não há apenas insetos para se enfrentar. O Vehemoth Phosbat é um cruzamento de mariposa com morcego, e é capaz de amedrontar qualquer um com essa boca enorme! Sem contar que no escuro ele fica invisível.

Isso nos leva à pequena lista de outros aspectos de Pikmin 2, que foram amplamente modificados. Você não pode mais mover Pikmin manualmente como era com o botão C, do jeito que eles se alinhavam atrás de você. Eu realmente senti falta desse recurso no início. Em vez disso, agora você pode travar em um alvo e comandar sua horda para atacá-lo em massa de uma vez, ou comandar sua tripulação se esquivar rapidamente para a esquerda ou para a direita. Estes novos movimentos fazem o game ser mais justo, incutindo o sentimento de que você só pode comandar o seu exército e nunca controlá-los totalmente.

Pikmin 3 não é tudo o que Pikmin vêm fornecendo, mas ainda é a melhor representação do conceito até a data. É como uma substituição completa de Pikmin 1 e um companheiro perfeito para Pikmin 2. A série está em pleno vigor, amparada por incrivelmente belos gráficos, uma história envolvendo inesperadamente, toneladas de segredos e novas maneiras de jogar, todas sem nunca se afastar do espírito do jogo original.




Avaliação da Sinnoh Produções 

Gráfico 10
O cenário está lindo, os Pikmins mais inteligentes, e os monstros ainda mais assustadores! Até mesmo a chuva chega a influenciar no ambiente, o que provoca uma mudança sutil na fauna e no clima, dando uma impressão ainda mais bela ao jogo. Tudo colabora para que você sinta que foi diminuído para dentro do jardim do Sr. Miyamoto como na primeira vez, mas dessa vez com um visual de dar gosto! E cara... Dá pra tirar fotos com o GamePad... Eu poderia voltar todo o Story Mode somente para tirar foto desse cenário maravilhoso! Tipo... Pikmin Snap, rs. (Ahh, vamos lá, Pokémon Snap era muito show...)

Som 9
A trilha sonora está tão boa que você sente que faz parte dela. Os barulhinhos das folhas, galhos, árvores, o grito de guerra dos Pikmins e o som assustador que alguns monstros fazem... Não tem como não se impressionar.

Jogabilidade 8
Eu demorei para me acostumar com o novo controle. Zerei, e eu ainda não peguei o esquema perfeitamente Acredito que alguém mais novo (ou meu pai que também curte ficar matando os Pikmin por qualquer bobeira, rs) irão demorar um tempinho até se adaptar a todos os comandos. Tanto que ainda prefiro o imbatível controle clássico do Game Cube, o que pode ser concertado com o Wii U Controller Pro. São muitas funções para poucos botões no Wii Remote, e ainda senti que o GamePad não mostrou tudo que tem a oferecer dentro do Wii U. Mas ainda assim, a função de tirar fotos e o mapa funcionam de uma maneira bem legal. Embora eu não apoie muito a ideia de ficar olhando para o controle toda hora que quer consultar algo... Parece tão... amador.

Diversão 10
Pikmin 2 foi um de meus games preferidos para Game Cube, e já cheguei a zerá-lo com 0 Pikmins mortos na campanha. Mas dessa vez eu queria era me divertir, então eu mandava meus soldados para uma guerra que sabia que seria perdida, e nunca me diverti tanto em ver uma batalha de bichinhos coloridos contra insetos gigantes. Mano, Pikmin não é um jogo feito para você cuidar de seus Pikmin. O legal mesmo é vê-los lutar até a morte, crescer junto e dar a vida por um bem maior, ser um líder que participa de cada batalha, e não alguém que fica só de longe dando ordens. Chega até a parecer que eles precisam do caos para sobreviver... Esses Pikmin são um dos maiores mistérios da natureza.

Replay 8
Eu ainda não encontrei todas as bugigangas que Pikmin 3 tem para oferecer (esses arquivos secretos são danados de encontrar!), e eu mal posso esperar para voltar ao jogo nos próximos dias, meses e até anos para tentar para encontrá-los todos. A série Pikmin faz coisas que nenhum outro jogo consegue fazer, e Pikmin 3 faz essas coisas de maneira incrível.

Nota Final: 9.0

Pikmin 3 com toda certeza é merecedor do troféu de ouro de Sinnoh! Ele pode ser um dos motivos para que as pessoas que já o conhecem considerem comprar um Wii U, e quem sabe os que ainda não foram introduzidos comecem a cogitar essa possibilidade. Com essa mistura louca de Age of Mythology, estratégias e batalhas alucinantes, você chega a ter no mínimo a curiosidade de ir para a sala e ver o que está acontecendo. É um jogo de aparência infantil, com um desenrolar de trama assustador e ainda sem perder o carisma que a Big N possui com cada um de seus games.

Pikmin 3 pode não ser "novo "no sentido de que os fãs da Nintendo já foram capazes de atirar essas criaturas adoráveis ​​desde o início dos anos 2000. Mas é novo no sentido de que a série Pikmin ainda está evoluindo, continua crescendo e melhorando ao longo do tempo.

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