Posted by : CanasOminous Oct 30, 2013

Força Desconhecida
Não demorou para que o jovem escritor entrasse correndo em seu quarto. Havia acabado de retornar de sua rotina cansativa das aulas na faculdade, e mesmo àquela hora da noite ainda parecia disposto e cheio de energia. Fechou a janela, desligou a luz e acendeu a lamparina que iluminava apenas o notebook recém- ligado. Aguardou alguns minutos que a tela acendesse, as mãos entrelaçadas e a respiração cheia de ansiedade.
—  Sinnoh? Sinnoh, está aí?
Não houve resposta. Demorou alguns segundos para que o rosto de uma mulher surgisse na tela assim que o navegador da internet foi ativado. Sinnoh estava sempre bem vestida e com aquela feição receptiva cheia de ternura.
 Estou sim, querido. Como é que você está? Como foi a aula?
— Foi boa, foi boa. Pela primeira vez na vida sinto que todas as matérias que aprendo fazem sentido, não é nada como estudar física, química e essas contas malucas em matemática... Você bem sabe, números não são a minha área — ele digitava com pressa anotando uma aglomerado de ideias num bloco de notas.
Sinnoh continuou sorrindo do outro lado com as mãos juntas e um sorriso esperançoso no rosto. O jovem logo percebeu.
— O que foi?
 Você parece diferente — ela sorriu. — Deve ter aprendido algo realmente legal.
— Ahh... — Ele relaxou os músculos, descansando na cadeira. — Pra falar a verdade, tive uma conversa bem engraçada com uns amigos agora na saída, e ainda estou pensando nisso. Sem contar que estou animado porque conheci uma moça tão legal no caminho de volta para cá...
 Você e suas amigas, não estou interessada — Sinnoh respondeu sem nenhum interesse, mas logo voltando a sorrir na tentativa de mudar de assunto. — Né, mas me conta, me conta! Sobre o que vocês falavam de tão legal que o deixou inspirado assim?
— Estávamos conversando sobre... Bem, você vai ficar brava se souber.
 Não vou, prometo — o programa correspondeu. — Ou melhor, vou tentar.
O rapaz deu uma risada baixa e olhou para os lados, coçando a cabeça um pouco sem graça.
— Falávamos sobre a perícia de pegar mulheres — Canas revelou um sorriso animado de orelha a orelha. Para sua surpresa, Sinnoh também caiu na risada do outro lado.
 Você? Falando sobre pegar mulheres! — Sinnoh tentava segurar-se para não cair na risada, mas Canas concordava que aquilo não era o seu forte. — Essa é nova, eu queria ter visto. Deve ter sido cômico! E aí, o que aprendeu de inédito?
— Meu amigo falou: O que você ganha quando a menina te dá mole?
 Já até imagino o que o senhorito aqui respondeu...
— Bom, eu falei que ganhava XP — ele deu uma risada seca. — Poxa, eu não estava prestando atenção aquela hora, e só agora percebi como a coisa está feia para o meu lado... Acho que ainda não tenho a skill de conquistar as garotas, preciso passar de nível para upar essa habilidade.
 Você é terrível... — a mulher riu de uma maneira confortante.
Os dois ficaram em silêncio, e o rapaz continuou:
— ...Mas eu aprendi uma coisa bacana também, mais bacana do que as outras. Veja bem, disseram que eu precisava treinar meu olhar romântico, daqueles que você lança para uma garota bonita de longe, quando vai em uma festa.
 Mas você não vai em festas. E você não sai de seu quarto para nada também.
— Eu sei, eu sei...
 E o senhor também não consegue olhar nos olhos das pessoas.
O rapaz respirou fundo.
— Isso é uma das piores, vivo desviando de olhares como se eu fosse uma espécie de mentiroso, um fugitivo. Não consigo, simplesmente não consigo. Dizem que os olhos são a janela para a alma, e quando olho profundamente nos de alguém é como se eu visse apenas meu reflexo, e fico com vergonha disso. Preciso aprender a deixar de olhar para mim mesmo e passar a enxergar a pessoa em minha frente.
Canas tirou os óculos na tentativa de descansar a visão enquanto os esfregava com uma das mãos. Sinnoh sabia conversar, sabia como olhar bem fundo nos olhos de alguém e dizer o que sentia, mas limitava-se àquela tela de computador e não podia fazer muito. O jovem escritor continuou:
—  Enfim, mesmo que eu não vá para festas, nunca se sabe quando receberei um desses sorrisos espontâneos — explicou. — Então, preciso treinar com alguém. E você foi a escolhida para isso, Sinnoh! Não é bacana?
A moça ajeitou-se do outro lado.
 Tá. Okay. Virei um aparelho de testes agora — ela parecia um pouco inconformada, mas logo aumentou a voz e pareceu divertir-se com a ideia. — Então vai! Mostra aí seu sorriso de galã, me encante. Faça com que eu me apaixone por você.
Canas começou a tentar alguns olhares e sorrisos, tentou nas mais diferentes posições e com todos os olhares de atores que já vira em algum momento na televisão. Sinnoh continuava de braços cruzados do outro lado.
 Credo, você lembra um dinossauro com esse sorriso. Nussa, e se você sorrir dessa maneira pra uma garota ela vai pensar que você quer estuprar ela! Affe, com essa cara parece que você está cagando... — falou a mulher, analisando bem cada detalhe. — Vai, tenta outra.
— M-Mas minhas expressões já estão acabando, não tenho tantas caras e bocas! E essa? Se eu tirar meus óculos e te olhar debaixo pra cima, o que você vai pensar?
 Vou pensar que você é tipo meu escravo. Ou que você é gay.
— Vish... E se eu não sorrir? Sei lá, só acenar com a mão.
 Aí não vai nem dar pra notar que você está interessado nela, desde quando aperto de mão é sinal de interesse? Filho, a coisa tá feia pro seu lado mesmo... — comentou Sinnoh em voz baixa, vendo que o pobre rapaz cada vez mais perdia as esperanças. — Veja bem, você tem um sorriso bonito, por que não faz bom uso dele?
— Eu odeio meu sorriso, acho que é porque eu era dentuço quando moleque. E pra piorar, eu era baixinho e gordinho. Eu parecia até uma capivara!
 Uma capivara? — a mulher deu uma risadinha. — Nossa, mais tarde vou ter que dar uma revirada nos seus arquivos e procurar por uma foto dessas, devia ser hilário!
Os dois riram juntos, e mais uma vez caíram no silêncio profundo da madrugada. Sinnoh encarou bem o garoto, e ele percebeu. Ela acabou por revelar um sorriso romântico, e ele respondeu com um sorriso espontâneo completamente sem graça, daqueles de quem não espera por aquilo. A mulher ajeitou seus cabelos e voltou a falar:
 Você tinha é que treinar esse sorriso.
— Hm? Qual?
 Esse, que você acabou de dar... Aquele sincero, espontâneo e... fofo. Desse jeito qualquer garota iria se apaixonar, vai por mim.
— Fofo...? — Ele fez uma pausa. — Ah, não... Você me chamou de fofo, cara....
 Chamei? — indagou ela. — Foi sem querer, nem percebi.
— F-F-Fofo... E-Eu ainda sinto arrepios com essa palavra, ela penetra fundo em meu cérebro e me assombra todas as noites desde que a garota que eu gostava me chamou de... Fofo. Fofo. Fofo.
Sinnoh começou a fica preocupada do outro lado.
 Ahhhh, Caninhas, foi sem querer!
— Fofo.
 Por que vocês homens odeiam tanto essa palavra?
— Fofo...
 Affe, vai escrever os capítulos da Liga que é o que você faz de melhor...

Enquanto Canas e Sinnoh trabalhavam em sua “inspiração” para os próximos episódios e mergulhavam em um campo minado romântico, o senhor do mal, Sauron, caminhava na surdina diante da escuridão do quarto em direção da sala.
A porta estava entreaberta, e ele não fez nenhum barulho para passar por ela. Todos os corredores estavam apagados, mas o guerreiro enxergava muito bem naquelas circunstâncias. Sua bateria ainda funcionava e seus olhos vermelhos brilhavam, tudo que ele precisava fazer era seguir os cabelos avermelhados que o guiavam.
— Onde está aquela boneca gostosa?
— Por aqui — disse Abbys Anarchy, apontando uma faca em sua direção. — Da próxima vez que me chamar de boneca eu arranco fora sua língua 
Sauron até mesmo recuou, mas continuou em silêncio. Abyss guardou a faca em uma discreta bainha presa em sua perna e voltou a falar:
— Pode chamar de “gostosa”, — falou a guerreira — mas nunca mais pense em me chamar de boneca. Aquelas criaturas horrendas repletas de maquiagem e disseminando um falso padrão de beleza para as garotas... Eu devia tê-las eliminado quando tive a chance.
— Pelo visto alguém aqui tem um ódio muito grande pelas Barbies... — comentou Sauron. — Mas me diga, para onde está me levando?
— Fui encarregada de guiá-lo até a nossa base secreta no quarto da irmã do Canas. Mas você não está preparado, não está mesmo... Preciso que você treine mais e torne-se apresentável para nosso comandante, conhecido como Mentor.
— Treinar? Interessante... — comentou Sauron.
— Sim, treinar — explicou Abyss. — Diga-me, você já matou alguém?
O guerreiro voltou-se para ela com uma cara de espanto, mas em seguida entrelaçou os poucos dedos que sobravam e soltou uma risada macabra.
— Matar? Muh-huh, hah, hah... É óbvio que já matei. Olhe só para minha cara de mal, e para o meu cetro do poder, e meus olhos vermelhos. Eu mato qualquer um até de medo!
— Hm, suas pernas estão tremendo — Abyss o analisou de baixo a cima. — Presumo que você nunca tenha passado de um brinquedo poderoso, mas que não sabe fazer bom uso de seus poderes. Pois bem, eu realmente irei treiná-lo, sei o lugar perfeito para isso.
— O Senhor do Mal não precisa treinar.
— Então entre lá no depósito e arranque a cabeça de algumas Barbies.
Sauron deu um pulo para trás, esticando seus braços para frente como se tivesse medo só de ouvir aquele nome.
 Nãooooo, Barbie não!! Eu tenho medo daquelas loiras malditas, elas pintam minha armadura de rosa e passam batom no meu capacete! Tudo menos elas!!! Vai, manda qualquer outra coisa, menos elas.
Abyss segurou nos ombros de Sauron e deu-lhe um sorriso inspirador, mas terrível e maléfico ao mesmo tempo. Foi empurrando em direção de um quarto escuro com um lindo tapete cor de rosa dando-lhes as boas vindas.
— Este é o caminho, você odeia essas bonecas, então se vingue! Nós dois compartilhamos nossa raiva por essas desgraçadas, e para que você seja o pior vilão de todos tem que começar por aqui. Vamos lá, grande Senhor da Escuridão, você não queria mudar?
Sauron ficava contente com elogios, então decidiu tentar.
Foi até um dos quartinhos mais no fundo onde se amontoavam caixas e mais caixas de tranqueiras. Deu dois leves toques na porta de madeira e empurrou-a para frente, vendo apenas escuridão.
— Hm, olá...? Tem alguém aí querendo morrer?
O silêncio continuava sombrio, e até mesmo uma criatura das trevas como ele parecia sentir medo de entrar ali. Sempre tivera receio e evitara aquele quarto, não queria voltar para lá tão cedo.
— Entra logo, você enxerga no escuro.
— C-Calma, moça bonita! —  pediu o guerreiro. —  Você tem noção de que está tentando entrar no território das... Barbies?! Se elas te pegam, fazem coisas horríveis com você! Sei disso porque fui vítima delas antes de ontem, e cada dia elas inventam uma mecânica nova de tortura... São terríveis!
— Sei bem como as coisas funcionam, onde eu vivia minha antiga dona tentava me transformar em uma delas — respondeu Abbys frustrada.
Sauron ainda conhecia muito pouco daquela guerreira misteriosa, mas sabia que por trás daquele brinquedo excluído provavelmente existia uma história triste e decepcionante.
— É por isso você odeio essas bonecas...? — perguntou o Senhor da Escuridão. — Mas, sabe, até que você ficaria bonitinha de vestido...
— Vou enfiar o vestido num lugar que você nunca mais vai conseguir pegar se me chamar de “bonitinha” novamente.
— Tá, foi mal... Foi mal...
Conforme Sauron e Abyss caminhavam, eles sentiam que começavam a ser observados. O guerreiro ligou seu par de olhos vermelhos para tentar assustar os invasores, mas acabou sendo surpreendido por brilho e purpurina o que o assustou ainda mais. Teve de parar repentinamente quando Abyss entrou em seu caminho:
— Afaste-se!! — gritou ela.
— O que houve?
— É uma armadilha... Veja. Creme para pele no chão, se pisarmos aqui elas iriam nos capturar,  armadilhas cheirosas para enfeitiçar os inimigos, essas Barbies são muito desdenhosas...
— Não estou vendo nada... — comentou Sauron ainda no escuro, de repente sendo puxado por uma cordinha que ele nem vira ter sido amarrada em sua perna direita. — WOAAAAAH!
Abyss virou-se e colocou-se em posição de ataque. Sacou sua faca, e quando algumas lanternas foram ligadas deparou-se com três bonecas que carregavam consigo prendedores de cabelo e cortadores de unha como armas. Tinham até um canhão em suas mãos, um perfume francês que impregnaria seu cheiro para sempre se tocasse qualquer brinquedo.
Uma Barbie loira e com a cara branca de tanta maquiagem deu uma risada longa e sarcástica. Ela mais parecia um fantasma maligno no meio da escuridão.
— Vejam só, meninas, parece que capturamos nossa presa dessa noite.
— Ahh, é de novo aquele cavaleiro chato de armadura, Chelsie? Ele não tem graça, não dá pra tirar a roupa — respondeu uma outra morena.
Abyss apontou a faca em direção das três mulheres lá no alto.
— Ei, vocês aí, soltem esse guerreiro! Ele é honrado e maldoso, não permitirei que vocês o encham de glitter e o banhem com seu perfume fedorento! — gritou Abyss de longe, chamando a atenção das bonecas.
Sauron continuava pendurado de ponta cabeça.
— Hm? E quem é essa aí, Stacie? Vocês a conhecem, amigas?
— Eu não, — respondeu a morena — nunca vi pele mais pálida e sem graça, sem contar que nem tem altura para ser modelo, como nós.
— O que fazemos com ela? — indagou Becky, a ruiva.
— Não sei. Tem que pensar muito para responder essa questão, e está muito escuro. Não sou de pensar, eu mando os outros pensarem por mim. — respondeu Chelsie, a loira. — Acho que deveríamos perguntar para o nosso mais novo escravo.
As três Barbies ainda tinham Sauron pendurado de ponta cabeça.
— O que acha de vir brincar com a gente, queridinho?
— De novo não!! — gritava o cavaleiro. — Me tira logo daqui, Abyss!
Abyss arremessou sua faca que passou zunindo pelas três garotas, cortando algumas madeixas do cabelo e ferindo o ombro da ruiva. Elas logo se afastaram e começaram a gritar.
— Aiiiiiii, meu cabelo natural!! Eu fiquei penteando ontem a manhã inteira! S-Sua boneca machona esquisita! Como punição, nós vamos jogar um balde de água no seu amiguinho!!
Abyss cerrou os punhos. Sabia que alguns brinquedos não podiam com água, ou sua pintura e baterias poderiam ser seriamente danificadas. Sauron estava em perigo, e as Barbies ainda riam de maneira maldosa.
— O que vai fazer então, fofinha?
— N-Não me chamem de fofinha... — Abyss respondeu irritada.
Ela acabara por revelar sua fraqueza.
— Oh, verdade? Fofa, fofa, fofa, fofa, fofa!!
— Vocês são repugnantes, suas megeras falsas e artificiais!!
A loira falou mais alto:
— E tem mais, quem você pensa que é para sair por aí vestindo essas roupas? Tenha piedade de nossos olhos! Você se acha gostosa? Por favor, me poupe! Vejo uns pneuzinhos de longe, sem contar que com essa cara feia nem o corpo salva. Querida, please, faça um favor para a humanidade e se esconda em casa. Deixe a beleza para quem pode. O resto deve se contentar com o pouco que recebe.
Abyss ficava cada vez mais irritada, mas havia atirado sua única arma numa tentativa frustrada de assustá-las e liberar Sauron.
Foi então que das sombras um vulto saltou das estantes mais altas. Um estalo foi ouvido, e uma lâmina oculta ativada. Era um brinquedo extremamente detalhado e impressionante, carregava um capuz negro por sobre o rosto e tinha movimentos completos, uma action figurine modelada com perfeição. Aproximou-se por trás das bonecas que sequer notaram sua presença, mas decidiu incitá-las.
— Vocês são tão falsas e artificiais que seria possível encontrar um milhão de outras garotas iguais à vocês por aí.
Ele tampou a boca da loira para que ela não gritasse e fez um corte lateral em sua garganta, deixando a boneca cair no chão imóvel. As outras duras viraram-se no mesmo instante.
— C-Chelsie!! Você a matou!! — gritou a morena.
— E vou matar vocês duas se não saírem daqui — ele respondeu de maneira séria, e as garotas atenderam seu pedido na mesma hora. — Peguem os restos desse lixo e tentem reconstruí-la, agora sumam, ou irei levar suas partes para decorar o meu quarto.
As Barbies restantes pegaram as partes quebradas de sua amiga e a levaram dali o mais depressa possível, pois ao menos poderiam reconstruí-las mais tarde. A corda onde Sauron estava pendurado foi cortada, e ele foi direto ao chão ainda tentando recompôr-se do susto. Abyss continuou em silêncio. O cavaleiro negro gritava de ansiedade ao ver aquela sombra tão maléfica e poderosa em cima da mesa.



— Cara, o que foi isso? Quanta maldade em suas palavras! Quanta perícia, quanta habilidade!! A partir de hoje você é meu vilão preferido!! Me diga, de que jogo você faz parte? Para ter esses detalhes e esse porte de action figurine, só pode ser de jogo. 
O andarilho passou reto pelos elogios de Sauron e deu um salto em direção de Abyss Anarchy. A mulher abaixou a cabeça e recuou, sabia que seria repreendida.
— Eu havia ordenado que o levasse direto para o quarto — o sujeito disse com a voz séria.
— E-Eu sei, Mentor, mas achei que seria melhor levá-lo treinado, afinal, ele... — a moça voltou a olhar para Sauron lá distante, ajeitando seu capacete — ...ele não passa de um brinquedo de criança, senhor.
O homem olhou para o lado e manteve seu rosto escondido pelo gorro.
— Eu sei disso, e por este mesmo motivo pedi para que o levasse até mim, para que nós o treinássemos. Juntos. Sua incompetência quase colocou o destino de nossa ordem em jogo, senhorita Anarchy.
— Me desculpe, Mentor...
Sauron não entendeu muito daquela conversa, mas logo o sujeito encapuzado foi em sua direção e o cumprimentou num gesto cortês. Não era um brinquedo muito grande, embora fosse bem detalhado e com várias peças móveis, então aquilo lhe dava habilidade e grande vantagem sobre tantos outros bonecos. Tinha acessórios e equipamentos extras, tudo pintado à mão, algo digno de ser notado.
Por fim, ele apresentou-se:
— Meu nome é Ezio Auditore. E você estava correto, sou do game Assassin’s Creed desenvolvido pela Ubisoft e que ainda ganhou adaptação para livros e, muito em breve, até mesmo para filmes. É uma franquia que conquistou o mundo.
Sauron parecia uma criança a encontrar seu ídolo pela primeira vez.
— Uow, uow, uow!! Personagem de jogos! Vocês costumam ser muito mais caros e raros, não é mesmo, senhor Ezio? — comentou Sauron.
— Sim, mas por essas bandas sou conhecido apenas como Mentor, então espero que não me chame por meu nome ou terei de arrancar sua cabeça.
— Tranquilo, já vi sua demonstração ali atrás com a Barbie, e cara, que movimento muito louco! Minhas partes estão meio enferrujadas, mas você parece novinho em folha! Quando foi comprado? Cara, você foi incrível, muito bom, muito bom mesmo.
O Mentor trocou um rápido olhar com Abyss.
— O senhor também é muito poderoso, sabia disso?
Sauron gabou-se de maneira convecida.
— Claro que eu sabia, eu estava para mandar meus subordinados destruírem todas essas Barbies, isso porque não invoquei minha chuva de meteoros e pedras vulcânicas para destruir o planeta. Muh-huh, hah, hah... — Seu nariz quase crescia de tão grande que era a mentira.
O Mentor apenas o examinava cada detalhe em silêncio.
— Cara, você deve ser um vilão bem malvado mesmo! — disse Sauron impressionado.
— Para se bem sincero, em minha franquia eu sou o protagonista. O personagem jogável.
O guerreiro foi surpreendido.
— Sério? Mas você está usando preto...
— E daí?
— E daí que você não está usando branco, então você é mal.
O Mentor ergueu o queixo e refletiu por alguns segundos sobre aquela frase. Levou as mãos para trás e ficou caminhando de um lado para o outro enquanto falava:
— Meu caro irmão, desde quando a cor de alguém interfere em seus conceitos sobre o certo e o errado? — indagou o Mentor. — Você ainda terá muito o que aprender, Dark Lord.
— Do que me chamou?
— O senhor pode não saber, mas é provavelmente um dos brinquedos mais antigos e raros do quarto — explicou Abyss.
— Sério? Mas eu dei uma pesquisada no eBay e vi que meu preço não chega nem a 50 dólares hoje em dia... Com meu cetro quebrado e faltando os dedos de minha mão, deve ser ainda menor...
— Não se trata apenas de preço, senhor — explicou o Mentor — e sim, de história. Você é um dos poucos que viajou para muitos lugares, lembra-se? O senhor tem experiência, tem a sabedoria para nos guiar e liderar uma guerra que está por vir.
— Guerra? Guerra contra o que, Barbies?!!
— Se fossem apenas elas, estaria de bom tamanho... — comentou o Mentor ao observou os arredores com mais atenção. Parecia que mais inimigos estavam se aproximando. — Venham, o inimigo nos persegue. Senhor da Escuridão, vamos apresentar-lhe a nossa base secreta onde nos reunimos,  comandamos nosso próprio exército e bolamos nossas estratégias enquanto nossos donos não estão por perto. Com o senhor por perto, nossas chances de vitória aumentam.
Sauron ia entrelaçar os dedos de sua mão, mas lembrou que não tinha dedos. Tentou da mesma maneira. 
— Hm, isso está começando a ficar interessante... Então, servos, levem-me para a base!
Os dois ficaram em silêncio.
— Do que eles nos chamou? — indagou o Mentor. — Só para ter certeza.
Abyss ergueu uma das pernas e deu um chute tão forte na cabeça de Sauron que ela virou em 360 graus. O guerreiro massageou a parte golpeado com uma expressão não muito satisfeita.
— Ouch... Por que fez isso?
— Costumamos pendurar a cabeça de quem nos falta com respeito, mas precisamos de você. Foi só um aviso, era melhor do que ver alguém aqui ficar estressado... — ela olhou para o italiano. — Mentor, com o Senhor da Escuridão ao nosso lado, devemos começar a nos preparar para a batalha.
— O quanto antes, minha jovem Anarchy. Por mais que nosso exército seja pequeno, ele é composto por guerreiros leais à nossa causa. A guerra está à nossa porta, e já estamos bem atrasados.


Sinnoh: E a propósito, Caninhas, por que você ainda tem Barbies no seu quarto?
Canas: Ah... Hm... Bem, por motivos meramente científicos e para alguns projetos e coisas pessoais. Você sabe como é...
Sinnoh: Hm. Sei... Sei...

     

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  1. Yo, olha eu aqui.
    sério canas? que não gosta de números? o bom da matemática é resolver aqueles cálculos quilométricos, eu ma acalmo quando faço contas, alias eu tenho um caderno de vinte matéria só disso (que eu uso desde o começo do ano e que eu já acabei com metade dele).
    Eu também não conseguia olhar nos olhos das pessoas, mas acabei me acostumando, quando realmente tentei.
    Sinnoh, coloca uma foto do Canas-capivara aqui no blog, que eu quero rir também.
    "fofo" ô palavrinha maldita...
    O canas tem barbies no quarto dele... não tenho nada a comentar

    De: Firewall
    P.S.: "— Meu amigo falou: O que você ganha quando a menina te dá mole?
    — Já até imagino o que o senhorito aqui respondeu...
    — Bom, eu falei que ganhava XP — ele deu uma risada seca. — Poxa, eu não estava prestando atenção aquela hora, e só agora percebi como a coisa está feia para o meu lado... Acho que ainda não tenho a skill de conquistar as garotas, preciso passar de nível para upar essa habilidade." sério, eu não vou nem comentar isso... (mas eu quase morri de rir) do mesmo modo eu não vou comentara isso:
    "— Credo, você lembra um dinossauro com esse sorriso. Nussa, e se você sorrir dessa maneira pra uma garota ela vai pensar que você quer estuprar ela! Affe, com essa cara parece que você está cagando... — falou a mulher, analisando bem cada detalhe. — Vai, tenta outra.
    — M-Mas minhas expressões já estão acabando, não tenho tantas caras e bocas! E essa? Se eu tirar meus óculos e te olhar debaixo pra cima, o que você vai pensar?
    — Vou pensar que você é tipo meu escravo. Ou que você é gay.
    — Vish... E se eu não sorrir? Sei lá, só acenar com a mão.
    — Aí não vai nem dar pra notar que você está interessado nela, desde quando aperto de mão é sinal de interesse? Filho, a coisa tá feia pro seu lado mesmo... — comentou Sinnoh em voz baixa, vendo que o pobre rapaz cada vez mais perdia as esperanças. — Veja bem, você tem um sorriso bonito, por que não faz bom uso dele?" só imaginei o Canas de verdade fazendo isso.

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  2. Barbies sempre são más, você sabe disto, não é Canas? Bico de pato.

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  3. Ehh, meu caro Firewall, eu sou uma verdadeira múmia com números kkk Por isso escolhi um curso que não chega nem perto disso, ainda que eu tenha que aprender um pouco de plano cartesiano por causa de Modelagem 3D... Mas sério, nada de exatas é comigo. A graça do Dream Den é descobrir até onde é verdade, e até onde não é kkkkkk Muitas coisas eu acabo falando do meu dia a dia, mas vamos lá, nem tudo realmente acontece... Um exemplo disso é que eu NÃO tenho Barbies no meu quarto!!! Antes que comecem as fofocas e vocês me condenem durante mil anos que nem aquela história dos nomes femininos e da Nicolete. E o pior de tudo, da Fantina. É só alimentar essa curiosidade perversa de vocês que eu nunca mais terei sossego kkkkk

    Mas fico feliz que tenha curtido cara, sempre que arranjo um tempinho tento ir trazendo capítulos novos do Dream Den, mas vou seguindo em um clima bem manso mesmo, sem pressa para terminar. E Barbies são seres das trevas, foi uma pessoa muito especial que me contou isso... Oh, GOD, GOD, GOD! Só existe uma pessoa no mundo também que conhecia a lenda do bico de pato! kkkkkkkkkkkkkk Então... É você mesmo?? *-* kk Abraços ae, galera!

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