Archive for February 2015

The Mega Evolutions [Artbook]


Passando-se alguns anos após a vitória de Luke Wallers na Liga Pokémon, o jovem segue viagem por outras regiões como um andarilho junto de seu irmão Lukas. Eles descobrem o poder das Mega Stones em Kalos. A Fire Tales volta a reunir-se após alguns anos fora da ativa para encararem uma nova ameaça que pode voltar a ameaçar o equilíbrio entre os mundos.

Tudo bem, agora chega de zoeira. Era só brincadeira! (Hah, hah...) Se quiserem culpar alguém, culpem a Nyx que foi a responsável por este desenho maravilhoso das Mega Evoluções de Aerus e Titânia. Supostamente essa imagem iria ilustrar o nosso header no topo do blog para divulgar a luta desses dois no Capítulo 99, mas acabei decidindo não confundir a cabeça de vocês ao misturar a 4º e 6º Geração (e também porque não deu tempo de eu terminar de colorir, rs).

Ah, essas aventuras que parecem nunca terminar... Não se esqueçam que era só brincadeira hein, não teremos mais 200 capítulos de história e especiais, e nem adianta pedir! Bom, mas nada nos impede de dar uma passada em Kalos de vez em quando para ver o que o Haos nos reserva para o futuro, afinal, a Aliança Aventuras ainda continua ativa, e eu continuo aqui de olho em vocês. Novas postagens e ideias podem aparecer quando vocês menos esperarem.

Autor(a): Nyx part. Canas Ominous
Técnica: Pintura Digital
Resolução: 1600 x 976
Tamanho: 2,57 mb
Marcadores: Pokémon, Mega Stone, Mega Evolution, Mega Steelix, Mega Garchomp, Gijinka, Titânia, Aerus Draconeon, Aventuras em Sinnoh, Fire Tales, Fanfiction.

As Últimas Notas do Autor (Capítulo 100)

Por um tempo estive cogitando o que dizer nessas notas, e percebo que talvez as "últimas notas do autor" nada mais seja do que comentários aleatórios e pensamentos, como venho fazendo desde o primeiro capítulo do Aventuras em Sinnoh, rs.

Afinal, era esta a função do blog desde o comecinho, não? Um refugio para quem procura uma fuga, um  quarto ou um cantinho especial para quem não tem um, enfim, creio que para cada leitor ele assumiu uma forma diferente. E para mim? Vi esse blog como uma missão a ser cumprida, uma mensagem que devia ser transmitida, ou seria apenas um passatempo? Nesses cinco anos é difícil medir o quanto aprendi com tudo isso, e mesmo assim, se me perguntarem precisamente o que foi, não saberei dizer. Apenas sinto. Sei que sou uma pessoa mais madura, com uma nova mentalidade, novas experiências e pronto para deixar o nível de Beginner para finalmente engajar no Advanced.

Uma vez que esta seria a única nota a não apresentar nenhuma frase que marcou a minha vida, farei uso de um dos momentos mais importantes para mim do Capítulo 99, onde Luke diz: Obrigado, Titânia, por acreditar em mim quando todo mundo duvidou.

Então, eu digo à vocês, caros leitores: Obrigado, por acreditarem em mim quando todo mundo duvidou. Um autor escreve para ser lido, e por isso nunca apoiei ficwriters que escrevem fics para ficarem guardadas em pastas ocultas. Textos devem ser lidos, apreciados ou criticados. Nós escrevemos para nos sentirmos bem e fazermos as pessoas bem, e nessa longa trajetória o maior presente que tive foi justamente o de conhecer tantas pessoas maravilhosas. Provavelmente não nos veremos daqui para frente, mas quem garante o que o destino nos aguarda? Vocês poderão ouvir meu nome ser citado em obras dos mais variados tipos, ou na pior das hipóteses o blog continuará aqui por um tempo para todos aqueles que quiserem reviver os bons tempos de jornada.

Continuarei aqui para acompanhar o progresso de meus companheiros e responder comentários sempre que possível. Pode ser que tenhamos algumas surpresas para a Aliança Aventuras nos próximos meses, pode ser que não! Pode ser que venham tantas postagens novas que vocês nem percebam que Sinnoh acabou, pode ser que não! O futuro é incerto, e estou trabalhando em diversas outras ramificações agora que concluí o percurso principal. Daqui em diante, deixarei o rio me guiar, e que as águas me levem em suas correntezas rumo ao desconhecido, mas com um final que, espero eu, traga inspiração para todos nós.


The Last War [Artbook]

Segue abaixo uma coletânea de todas as imagens utilizadas por Nyx e Leeca na construção do vídeo que deu vida à última abertura do Aventuras em Sinnoh, a Saga Platina. As imagens estão todas em boa qualidade, e foram disponibilizadas para que lembremos de todos esses bons momentos que tanto nos marcaram.







Epílogo

O Epílogo visa relatar não apenas fatos contínuos ou especiais de nossa história, como as últimas cenas, aventuras e relatos de nosso roteiro; este Epílogo tem como função não deixar que nenhum espaço fique abandonado em nossa longa trajetória. É hora dos Pokémons que tanto amamos entrarem em cena uma última vez e acompanharmos o percurso que cada um deles seguiu em sua vida após o término da Liga Pokémon.

Quando planejamos o roteiro veio a ideia de que Luke Wallers deixaria o seu time e abandonaria o ramo de treinador, mas não passaram de opções e histórias mal planejadas, fiquem tranquilos. Aqueles que se encontraram com os famosos Irmãos Wallers em jornada tiveram a oportunidade de presenciar batalhas autênticas e fabulosas. Sua equipe apenas teve um tempinho de férias para que cada um construísse sua vida conforme desejasse. A chama dos Fire Tales nunca se apagou. Quando um chamado é feito e todos eles são convocados,  não há um que hesite. Os membros da guilda mais famosa da região se unem sob uma liderança, pois seus corações continuaram na família de loucos que construíram, cada qual completando o espaço que faltava no outro e, por conta disso, suas aventuras se estenderam por incontáveis anos até que eles não passassem de meras palavras nos livros e canções. Mas, principalmente, no coração daqueles que as ouviram.

O pequeno trio aventurou-se pelo mundo, deixando para trás a proteção de seus lares em busca de aventuras e o que fosse que o destino reservasse para eles. Chaud manteve-se como o eterno protetor das duas crianças, eles eram praticamente seus filhos, os quais treinou e viu crescer sob a promessa de que seriam grandes um dia. Quem se surpreendeu foi o professor por rapidamente ser superado, mas ele podia manter o coração tranquilo por saber que quando não encontrasse mais forças para caminhar sempre teria os dois pequenos para guiá-lo. 

Chaud e acompanhou o crescimento tanto de Eva quanto de Tom Sawyer, quando não estavam viajando pelo mundo eles regressaram para a Mansão de Milady ou a fazenda da mãe de Sawyer, só para dizer que tinham para onde voltar. Mas é na Fire Tales onde eles construíram seu legado como dois dos maiores guerreiros da nova geração. Eles saíam em viagem e só voltavam muito tempo depois, de mês em mês, repletos de histórias e presentes para seus amigos. Apesar das longas viagens, seus corações nunca deixaram a Fire Tales.

Com a aposentadoria de Don Corleone, Al Capone foi quem assumiu o controle da máfia, apesar de ser o irmão mais novo entre os cinco. Sendo ele o mais capacitado e experiente, Virgil, Clemenza, Bonasera e Carmine facilmente concordaram que o caçula deveria assumir a liderança. Guiado também por Sophie, a sempre cuidadosa e atenciosa Gardevoir, Al foi capaz de elevar os contatos de sua família e manter o bem estar de todos como um verdadeiro pai de família.

Karl e Lyndis continuaram juntos, assumiram um namoro oficial após alguns vários meses de enrolação e amizade colorida entre eles. Lyndis montou uma academia de lutadores onde ficou conhecida por toda a região, enquanto Karl optou por, bem, montar uma igreja. Junto dela Karl construiu também uma Casa de Cura onde pôde aprender técnicas de enfermagem junto de Sophie para curar e salvar os feridos que já saíam destruídos da academia de Lyndis, logo, eles funcionam bem juntos. Os dois mantiveram o coração jovial, e embora Al e Sophie desejassem netinhos a enrolação foi enorme e nada oficial saiu disso. Don Corleone adorou a ideia de se tornar bisavô

Akebia foi uma das primeiras integrantes a deixar oficialmente a Fire Tales, pouco antes da Liga Pokémon efetivamente começar. Em uma viagem para Kalos, ela conheceu uma pequena Roselia que muito a lembrava de quando era uma criança. Sofrendo de uma crise de identidade e sem pensar duas vezes, Akebia deixou tudo para trás e partiu para uma ilha desconhecida onde a pequena Roselia dizia viver, e lá elas continuaram com suas vidas. Akebia deixou a fama dos contests e apresentações para trás, dizem que teve uma vida simples, porém, próspera; junto de sua versão jovial elas seguiram para onde se sentisse bem, longe de olhos críticos ou dos pesares do mundo. Tendo encontrado sua plena paz, preferiu nunca mais voltar.

Após a partida de Akebia, o velho Panetto por um tempo ficou perdido e demorou a retomar o curso de sua vida. Manteve a boa forma e esforçou-se para ser um membro conhecido da Fire Tales. Tornou-se famoso por muitos pratos e comidas exóticas que aprendeu em suas tantas viagens pelo mundo, e quando voltou foi recebido como cozinheiro oficial, afinal, comida boa é sempre bem vinda! Mesmo cultivando um simples hobbie, Panetto conseguiu seguir fazendo o que mais amava, servindo de inspiração para muitas pessoas.

Mikau simplesmente desapareceu após um tempo. Continuou firme na Fire Tales. O “Melhor Atirador do Mundo” como o chamavam era o suficiente para que seu ego atingisse o limite e ele não se preocupasse com mais nada. Com o passar dos anos Mikau percebeu que tudo que conquistara não era suficiente, e após alguns meses vivendo em harmonia com sua esposa, partiu sem um rumo exato.

Mikau e Milena tiveram três filhos: Aysha, Milita e Midas, os quais foram recebidos com muito carinho e ternura pela família e também pela guilda, uma vez que a Fire Tales os recebeu com mais euforia que os próprios pais. Aysha era uma menina forte e determinada, decidiu que seria atiradora para um dia superar o pai; Milita era a mais meiga e tímida, exatamente como a mãe, mas com uma doçura incomparável; e o mais novo se chamava Midas, aquele foi a grande surpresa. Um pequeno Horsea de cabelos arroxeados, o que logo despertou atenção de muitos por ser  shiny.

Midas conheceu o seu pai ainda quando era menino, e desenvolveu muito de sua personalidade, mas Mikau foi muito ausente nessa fase. O atirador tornou-se uma espécie de herói em todos os cantos de Sinnoh, muitos diziam vê-lo e um número ainda maior o desafiava para combates, buscando seu título. Mikau também foi convidado para tornar-se membro dos Remarkable Five, mas o convite nunca recebeu uma confirmação. Ocasionalmente, Milena afirmava que seu marido retornava para o conforto de seus braços, embora desaparecesse pouco depois sem deixar rastros, mais uma vez.

General foi convidado para tornar-se um dos novos líderes dos Remarkable Five, convite aquele que foi recusado após pouca espera. Ele aposentou-se do ramo de batalhas, de forma que pudesse ter uma vida calma e tranquila ao lado de sua esposa em uma casinha distante no topo da colina, mas ainda próxima o bastante para que o Aerus batesse em sua porta sempre que precisasse de ajuda.

Apesar de aposentado, General continuou a ensinar as gerações mais novas da Fire Tales e tornou-se muito conhecido e respeitado em outras regiões. Glaciallis, a Dama de Gelo, viveu eternamente ao seu lado como seu mais puro amor. Ela escreveu um livro de poesias e seguiu no ramo, publicando obras e ganhando prestígio como uma renomada escritora que tem todo o tempo do mundo para dedicar-se completamente ao trabalho que tanto adora.

Milady tornou-se ainda mais famosa por sua relação com a Fire Tales, e não demorou em ficar mais rica do que já era (Ela é rica, riiiiiiica!) Junto de seu marido, Isaac, eles continuaram a viver em sua mansão no topo da colina, e ficaram por lá tempo o suficiente para que Milady se tornasse uma velha rabugenta que só reclama e Isaac o velho que não sai do sofá da sala e fica fazendo palavras cruzadas. Porém, já que Eva decidiu por sair em viagem e Duke ocasionalmente ficava fora, eles tiveram muito tempo para irem viajar para as praias de Unova e visitar os hotéis mais refinados de Kalos, aproveitando que ainda eram novos para, bem, vivenciar seus dias de ouro no Day Care Center.

Duke continuou sendo o filhinho da mamãe preferido de Milady. Recusou-se a evoluir, pois sempre soube que perderia a sua identidade caso tivesse de lidar com a fama e o poder do nome de sua família. Mesmo assim, foi feliz. Por incrível que pareça, tornou-se muito inteligente a ponto de assumir os negócios do pai. Viveu seus dias como um lorde respeitado e cortês, e quando lhe sobrava tempo o que mais adorava era arrancar a gravata e o paletó para vestir o chinelos e pescar nos riachos próximos. Certo dia contou para seus amigos na Fire Tales que pescou a sereia mais linda que já existiu, e que ainda por cima se apaixonou por ele com toda sua simplicidade. No fim, eles quaaaaaase viveram juntos, mas, sabe como é... A sereia escapou.

Sly juntou dinheiro com seus trabalhos na mansão de Milady para que pudesse abrir uma academia de dança onde as pessoas dançassem só de roupas de baixo. E foi o maior sucesso!

O velho Atros serviu Milady até o fim de seus dias. Sentia-se orgulhoso pela menina que viu crescer, que tornou-se uma adolescente rebelde para, enfim, ser uma mulher linda e respeitável, como sua mãe um dia fora. Atros sofria de doenças do coração, mas aguentou firme pois sua senhora recusava-se a liberá-lo de seus serviços, e Atros amava o que fazia mais do que qualquer outro. Malbora e o senhor Magnum assumiram seu lugar na proteção da família, convidaram novos recrutas e foram responsáveis por descobrir grandes talentos que surgiram nos anos seguintes. O senhor Atros ficou com a família de Milady e, por fim, faleceu fazendo o que mais amava numa noite tranquila de inverno ao lado de sua senhora.

Jade e Yoshiki retornaram para seu vilarejo no Great Marsh onde ninguém soube de seus feitos e os trataram como a dupla esquisita que sempre foram. Todavia, com as economias que juntaram eles foram capazes de melhorar e muito a vida dos vizinhos e habitantes ao seu redor que nunca tiveram conhecimento de onde o dinheiro vinha, mas agradeciam em suas preces e a comida boa e proteção. 

Os dois seguiram com sua rotina monótona e nada fora do comum por um tempo, com exceção dos sons estranhos e gritos de dor que os vizinhos alegavam ouvir da casa, o que logo escandalizou os mais variados boatos. Seguiram com uma vida ainda mais pacata e simples do que antes, mas de uma simplicidade que amavam, longe das correrias da vida e de qualquer preocupação. Yoshiki ainda atendia alguns pacientes no novo escritório do Dr. Knife, mas poucos saíram inteiros de lá. Ele e Jade tiveram um pequeno filho chamado Toshi, um menino de cabelos arroxeados brilhantes como os de Tashiki.

Marco estudou os próximos anos com muito fervor para se tornar um engenheiro mecatrônico, e surpreendeu-se com a própria inteligência.Reconstruiu o corpo de Wiki e Mozilla de um jeito ainda melhor. Wiki pediu alguns upgrades nos peitos e na bunda, e nunca esteve mais feliz. Viveu os dias mais prazerosos de sua vida com sua "família", cada qual completando o outro. Todos os dias eles davam festas das mais variadas, em camas ou banheiras; às vezes convidavam Glory e outros amigos da Fire Tales, empolgação é o que não faltava. Depois de um tempo, Marco ficou famoso por ser considerado um cirurgião plástico, o que não agradou Mozilla em nada. Seu laboratório começou a encher-se de pacientes mulheres, as quais Wiki recebeu muito bem. Apesar de não ter se casado no papel, ela compartilhou quatro alianças com Marco, Mozilla e Vista, seus três maridos. Eles se casaram na banheira da casa.

Vista também foi reconstruído por Marco, e ao retornar estava mais rabugento e poderoso do que nunca. Vista tornou-se tão inteligente e juntou tanta informação e sabedoria na internet que suas capacidades ultrapassaram qualquer limite da realidade, então, decidiu aposentar-se e deixar as novas gerações fazerem as próprias descobertas. Nunca deixou de tratar Marco como seu aluno, sendo que o Mothim tornou-se ainda mais inteligente e capacitado do que o próprio mestre. Vista permaneceu criando armas para os Fire Tales e consagrou-se como um gênio. Viveu ao lado de Wiki e Mozilla e Marco, e frequentemente fazia alguns testes em seus cobaias que aceitavam tudo de muito bom grado.

Coffey simplesmente desapareceu e não deixou nenhum rastro de que tenha existido, como um anjo que veio ao mundo para proteger seus amigos e depois de cumprir sua tarefa foi-se embora para observá-los lá de cima.

Quando Aerus, Mikau, Milena ou qualquer membro da Fire Tales perguntava sobre um gigante que lutara ao lado da guilda na Liga, aqueles que assistiram as batalhas afirmavam que nunca houvera ninguém parecido. Coffey tornou-se uma história passada de geração em geração, palavras que até hoje não foram comprovadas ou não passaram de alucinações, mas quem o conheceu não se esqueceu do jeito bondoso e dos olhos amendoados sempre cansados. Ah, o Grande Coffey! Uma criança presa no corpo de um gigante, uma verdadeira dádiva de Arceus. Que nem a bebida, só que escrito diferente.

Paula continuou a cumprir sua função como Guardiã do Espaço, mas foi condenada pelo conselho dos Lendários por envolver-se com um humano (mais uma vez).

Seu relacionamento com Lukas perdurou muito tempo, e embora o conselho não tenha tomado nenhuma atitude drástica para separá-los, ela foi amaldiçoada pelos próprios poderes e os de seu irmão Dialga. E sempre soube disso. O tempo e o espaço. Inevitavelmente com o passar dos anos o jovem Lukas viria a falecer, e Paula continuaria sozinha, aguardando o dia em que sua reencarnação voltasse e ela se apaixonasse pelo mesmo jovem, desde o princípio, eternamente. Seu amor sempre foi correspondido, mas sua maldição foi maior do que qualquer poder que as divindades do mundo Pokémon pudessem romper. Ainda assim, seu amor perdurou por toda uma eternidade, e este também não pôde ser rompido.

Seth iniciou sua viagem pelo mundo em busca de um sentido e de experiências para chamar de suas. Ocasionalmente convidava Watt e o roubava por um tempo dos Fire Tales, e Aerus não gostava nada de suas visitas. Teve o Dragão de Ouro como rival pelo resto da vida, mas eles nunca mais batalharam. Um criou respeito tão grande pelo outro que ambos se viam como verdadeiras lendas. Seth explorou as mais diversas regiões do Mundo Pokémon, e até mesmo as ainda não descobertas, mas só contou para algumas poucas pessoas e as levou para os cantos mais lindos do mundo para contemplar experiências autênticas.

Lyndis não teve sinais de Beliel após o fim da Liga Pokémon, mas dizia ouvir boatos sobre uma sombra que movimentava-se em noites silenciosas, como se a protegesse dos perigos. Apesar de não precisar ser protegida, Lyndis insistia em deixar recados na guilda para qualquer que visse Beliel por lá, convidado-o a fazer parte da máfia de seu pai, onde ele poderia de fato ser um espião muito capacitado e respeitado. Porém, Beliel jamais aceitou ter outro dono, permaneceu como um andarilho solitário, em busca de um novo mestre digno de valor a ser seguido. Quando desaparecia por muito tempo era porque Seth o levava para outros mundos e narrava cada detalhe que sua visão não pudesse ver, como dois grandes amigos.

Membros Remanescentes da Grande Criação
(Neon Photorine, Barão, Eleanor, Delfort)

Após a derrota dos clones na Ilha de Ferro, Eleanor partiu para as Ilhas Laranja disposta a encontrar sua antiga treinadora que continuava viva somente em suas memórias.

Neon, o Barão e Delfort construíram um circo em sua ausência, que por sinal deu muito certo e trouxe atrações que não os visse como aberrações, mas que trouxessem a felicidade e dessem possibilidade de jovens participarem e serem um deles. Alguns meses mais tarde obtiveram respostas de Eleanor, e com isso migraram o circo primeiro para as Ilhas Laranja e a partir daí optaram por continuarem fazendo viagens por outras regiões como Johto, Unova e Kalos. Dizem que eles inclusive se encontraram com guildas bem famosas...

Atômico, o Mal em sua Forma

Muitos anos se passaram até que Atômico finalmente conseguisse juntar seus pedaços e reassumir sua forma original, ainda que extremamente debilitado e com tamanho reduzido. Cada parte sua espalhou-se pelo mar, e durante muito tempo ele foi apenas uma massa disforme que habita as profundezas onde ninguém possa encontra-lo. Se por ventura algum dia Atômico for capaz de reunir seu tamanho e força originais de volta, certamente seria uma ameaça a ser reconhecida, mas atualmente reside perdido e desconhecido nos oceanos mais profundos onde nem a luz pode alcançar.

Primia e Drinian,
Fortaleza de Perseverança e Amor

Primia e Drinian se casaram e viveram anos felizes juntos. Primia comprometeu-se a cuidar da perna manca de seu marido, mas ele superou todas as dificuldades e seguiu em frente, continuando a tentar vencer e superar barreiras em prol de seu mestre e sua família. Dizem que Drinian conseguiu vencer o Torneio das Guildas alguns anos mais tarde e deu um verdadeiro trabalho para os Remarkable Five, mas acabou derrotado. Sua performance foi tão incrível que ele recebeu um convite para entrar na equipe lendária, mas acabou recusando, afinal, tinha uma família a cuidar. Apesar de não poderem ter filhos, Primia deu a ideia de adotarem um menino e uma menina quando já estavam estabilizados. 

Fenrir, Tesla e Violet Hunter,
Sabedoria e Força

Fenrir continuou reservando tempo para suas tão adoradas férias no campo na fazenda da família de sua irmã, mãe de Tom Sawyer. Lá ele tinha toda a paz do mundo para ler e estudar, onde formulou teorias e teve muitas ideias mirabolantes para melhorar sua guilda. Violet Hunter esperou por Tom Sawyer por alguns anos, mas não chegou a encontra-lo mais, e por isso seguiu com a vida mantendo para sempre oculta a paixão de infância que sentia pelo amigo. Tesla iniciou trabalho em uma usina para fornecer energia de graça para a região inteira, um projeto que foi recebido muito bem pelo governo. Fenrir e Tesla continuaram com a rivalidade, e por conta disso um ajudou o outro a treinar e tornarem-se cada vez mais poderosos, sendo duas das guildas mais respeitadas da região.

Conde e Glory,
Honra e Glória

Conde e Glory continuaram a viver como o casal mais majestoso de Sinnoh. Obviamente, o romance não durou. Conde era cabeça dura, egoísta e egocêntrico; enquanto Glory voltou a interessar-se por, bem, mulheres. Apesar de seguirem caminhos distintos, continuarem se ajudando nas batalhas e se deram bem como companheiros de trabalho que ocasionalmente compartilhavam algumas noites. Conde nunca conseguiu seu convite para ser um Remarkable Five, mas tornou-se respeitado entre os Pokémons Aquáticos. Glory manteve suas visitas à Fire Tales e quase tornou-se um membro efetivo. Criou uma aliança com a guilda de Wiki e não se distanciou mais deles.

Alexay, Faísca Negra,
O Grande Adorador de Superlativos

Alexay, o Belíssimo, finalmente teve sua tão aguardada viagem para Kanto, embora sozinho. Conheceu as cidades maravilhosas da região que a tudo originou, e encantou-se por completo. Amou cada pedaço de terra, e por isso nunca mais voltou.

Ereon e Renée,
Lendas Eternas

Ereon consagrou-se como o que sempre foi: Uma Lenda. Mesmo depois de aposentado, decidiu que a vida era curta e retomou o controle do governo, agora separado do cargo de campeão e dos Remarkable Five. Continuava sendo um homem de respeito e influência na região, e o povo o recebeu de braços abertos. Dizem que um dia Aerus o desafiou para um duelo, de pai para filho, mas ninguém jamais disse quem ganhou, e julgando que Aerus manteve-se quieto logo imaginamos a resposta.

Renée e ele tiveram uma linda filha, apesar de serem de espécies diferentes. Uma pequena Swablu chamada Azus. Aerus Draconeon prometeu que a adotaria como sua irmãzinha quando ela ficasse maior e que a convidaria para a Fire tales, caso ela não fosse a herdeira legítima da Legacy. Ereon continuou vivendo seus dias ao lado de seus amigos Bartolomeu, Machado, Luna, Don, Njord e Akagi, os guerreiros lendários que, mesmo apesar de velhos, vez ou outra saíam por aí para se divertirem um pouco sem nunca perder a essência de quando eram jovens.



Tashiki
Senhora da Lua. Mestre dos Venenos.

Tashiki retornou para os pântanos do Great Marsh, depois de muito hesitar. Percebeu que os vilarejos locais continuavam muito pobres e perigosos, então com a fama e dinheiro que conseguiu tornou-se protetora oficial do local. Ocasionalmente visitava uma certa casinha ali perto onde passava os fins de semana sem pensar em mais nada, espalhando suas roupas sujas para todos os lados e fazendo brincadeiras perigosas com as duas pessoas que mais amou. Os três ficavam sempre assim, deitados e olhando para o teto, tinham a vida mais perfeita que poderiam pedir.

Bonna Party, Davy Jones
pequena Elba. A Nova Geração.

Bonna Party pretendia deixar os Remarkable Five para cuidar de seu pequeno tesouro, a menina Elba, principalmente porque detestaria abandonar sua filha sem que ela estivesse preparada para encarar o mundo. Ao deixar o posto, Thanatos assumiu o comando em seu lugar. Quando Elba atingiu maturidade e tornou-se mais forte, finalmente Bonna aceitou reassumir cargo de bom grado. Foi a vez de Davy Jones aposentar-se, o velho assumiu o  posto de mentor da menina, sempre cantando as novas secretárias e protegendo sua garota como um verdadeiro pai.

Elba cresceu e tornou-se uma das mulheres mais poderosas da região junto de seu amigo Minos. Ela escondia um amor platônico por Presidente quando menina, o homem que sempre estava junto de sua mãe, e ficou muito triste quando um a um viu que os mais velhos que a acompanharam quando criança davam espaço para que a nova geração começasse. Os anos se passaram e as equipes mudaram, mas Elba continuou firme como uma peça fundamental na Elite. Quando assumiu o lugar de sua mãe, ela guiou os Remarkable Five pelo melhor caminho, mas, obviamente, ainda recebia algumas lições do velho iDie.

Presidente,
Aquele que Nunca Mais Amou

Dornelles Vargas finalmente desistiu de sua busca por sua esposa em vida e passou a abrir-se para novas oportunidades. Conheceu muitas mulheres maravilhosas, mas jamais apaixonou-se por nenhuma como gostaria. Decidiu que não amaria mais ninguém e que passaria a aproveitar mais os pequenos momentos da vida com as pessoas que amava de verdade, dedicando-se em completo por elas. Nunca realizou seu desejo de ter uma filha.

Sonnen,
Mestre das Espadas e Irmão Irritante.

Sophie ocasionalmente recebia as visitas de Sonnen na máfia, e o rapaz ia de muito bom grado visitar a irmã nos feriados prolongados. Al Capone abriu exclusividade para que ele entrasse, mesmo sendo um rival de fora da família, mas aceitou muito bem o cunhado, apesar de alguns empecilhos. O espadachim, junto de Karl e Lyndis, acabaram por se entenderem e Sonnen acabou se tornando um irmão mais velho para eles, sempre participando das aventuras e treinando junto, incentivando-os a se tornarem mais fortes. O problema surgiu no momento em que, acidentalmente, a irmã de Al Capone, Carmine, acabou apaixonando-se por Sonnen. O rapaz  saía em disparada toda vez que a avistava nas redondezas.

iDie, o Andarilho Fantasma,
Imortal.

As peças e o corpo de iDie demoraram um tempo para serem reunidas e reconstruídas novamente. Após mais uma derrota crítica, cada vez mais perdendo sua essência, iDie soube compreender que seu tempo havia chegado. Decidiu por abandonar os Remarkable Five, optou por ser desligado e nunca mais despertar. 

Porém, seus planos mudaram quando Titânia renunciou ao poder e deixou de liderar a Mithril, e de quebra abandonou a guilda, deixando-a sem líderes e nem administradores. iDie assumiu novamente o controle temporário, mas estava cansado e farto de sua imortalidade eterna, precisava parar. Logo deixou o poder  dos cinco notórios para Bonna Party, que encarregou Davy Jones de comandá-los, que odiava compromissos e passou para Presidente, que caiu fora antes que sobrasse para ele e deixou o posto para Sonnen, que, amedrontado, devolveu para iDie.

Irado, iDie decidiu que governaria os Remarkable Five por mais 100 anos. O maior azar de sua vida seria guiá-los como tutor e mentor para sempre, a famosa Máquina que continuou a funcionar até o mundo mudar. Ele precisou de uma eternidade para perceber que amava imensamente o que fazia.

Aerus reuniu seus pertences, juntou tudo numa trouxinha e jogou para trás do ombro. Respirou fundo e arrumou o par de óculos escuros todo remendado com cola e fita adesiva. Estaria saindo em uma nova jornada, e o que esperar? Não era muito organizado, muito menos quanto à longa viagens pelo mundo sem um rumo específico, e nem sabia por onde começar. Fazia tanto tempo que não sentia aquela sensação! Após o fim da Liga, a Fire Tales decidiu que daria um tempo no ramo. Chega de missões, de treinos, torneios e lutas para todo lado. Teria algum tempo em paz para descansar a mente, se é que poderia chamar de descanso.
Quando estava prestes a deixar seu quarto, deparou-se com Watt na porta. O esquilo já parecia aguardá-lo com as malas em mãos.
— Está pronto para uma nova aventura? — indagou Watt com seu sorriso tão cativante.
— Opa! — Aerus concordou com uma risada. — Só acho que... Vou sentir falta daqui, de toda a galera. Meus dias estavam resumidos a vê-los todos os dias, meio que já fazia parte da minha rotina brigar com o Mikau, incomodar o General enquanto ele lê livros e estuda novas táticas, então... Sei lá, vou sentir saudade!
Aerus pegou as duas malinhas de Watt e eles foram andando para fora, descendo as escadas do dormitório. Estava tudo estranhamente silencioso. Talvez todos já tivessem ido embora, cada um para seu canto, e quem saberia dizer quando é que voltariam?
Assim que o dragão abriu a porta, para sua surpresa, deparou-se com General e Glaciallis a aguardá-lo logo na entrada. Mikau e Milena também estavam ali, assim como Chaud, Eva e Tom Sawyer que fizeram questão de que sua primeira jornada seria ao lado dos amigos; Wiki, Marco e Mozilla também já garantiram presença com todo seu entuasiamo; todos os demais membros da Fire Tales estavam presentes, desde os mais ativos até aqueles que só participaram poucas vezes, mas garantiram seu espaço.
Aerus derrubou as malas tamanha a surpresa.
— O que pensam que estão fazendo?
— Vamos sair em uma aventura, não vamos? — indagou General.
— E você quase cometeu o grave erro de não nos convidar... — Mikau balançou a cabeça negativamente num tom de brincadeira.
— Mas, tipo, galera, tipo, mano, caramba! — Aerus começou a gaguejar, segurando os olhos cheios de lágrimas pra não chorar na frente dos amigos. — Eu pensei que iria cada um pro seu canto, que vocês já tinham torrado a paciência de me ver todo dia berrando, e que agora iriam sair por aí viver suas próprias aventuras!
— A gente até ia, até porque entre passar um fim de semana só com a Milena ou um com esse monte de macho e gente esquisita, e com certeza escolheria a primeira opção! — brincou Mikau. — Brincadeira, sei que vocês precisam de mim, caso contrário iriam sentir tanta falta que a viagem perderia o sentido. Hah, hah. Só eu que nunca enjoaria de me ver no espelho todo dia.
Milena aproximou-se de Aerus e segurou em seu ombro.
— Na verdade, estamos aqui sob pedido de uma amiga. Ela fez questão de que os primeiros dias de suas novas férias seria junto das pessoas que ama.
— Quem? — Aerus perguntou, mas sentia que já sabia a resposta.
Watt a avistou primeiro, e seus olhos ficaram cheios de emoção e ansiedade. Uma mulher caminhava em sua direção, trazendo de volta sua bagagem como uma viajante há muito perdida que retorna para seu lar. Mas ela nem teria tempo de desarrumar as mala, porque uma nova vida a aguardava antes de retornar para a boa e velha Fire Tales, seu verdadeiro lar.
A mulher sorriu e parou em frente ao dragão. Pegou as malas dele e as de Watt e jogou para trás do ombro, nem se importando com o peso. Na medida que todos os outros membros da guilda já começavam a rir e conversar, cada um planejava onde passariam juntos suas primeiras férias de verdade, sem pensar em absolutamente mais nada. Logo, aquelas férias acabariam durando mais do que o esperado para completar o percurso especial que cada um desejaria traçar. Eles provavelmente dariam uma volta ao mundo, um grupo de pessoas que, ao olhar de longe, chamava atenção de quem quer que estivesse por perto. Eles se completavam como um quebra cabeça que nunca está pronto caso uma peça seja perdida, tendo todas elas a mesma importância.
— T-T-Titânia... — Aerus olhava para ela num misto de sensações, não sabia se a abraçava ou se batia nela, suas mãos e seu corpo tremiam tanto que os óculos quebrados chegaram até a cair.
A moça agachou, pegou-os do chão e colocou-os no rosto do pequeno esquilo que estava ao lado. Watt saiu correndo na frente, sem rumo e sem direção, apenas sentindo a brisa soprar.
— Vamos logo, senhor Draconeon? Como você demora para tomar decisões, sou eu quem vou ter que voltar a traçar o destino que a Fire Tales deve seguir daqui em diante?
Aerus sorriu e correu para acompanhá-la.
— Seja bem vinda de volta, sua serpente desgraçada! Eu amo todos vocês!!!

Capítulo 100

Entrelinhas do Fim de uma Jornada

— Moça, já curou os meus Pokémon?
— Só um momento.
— Moça, eles já melhoraram? Não consigo parar de pensar nisso.
— Aguarde um instante.
A enfermeira estava prestes a perder a paciência, mas por sorte seu estoque de paciência estava bem cheio naquele dia. Virou-se então e sorriu da melhor maneira que pôde.
Tchu-tchu-tchu-ru-ru~
— Prontinho! Seus Pokémon já estão todos curados e em boas condições. Eles estavam realmente muito feridos, mas nada que um bom descanso e alguns Max Revive não resolvam. Aqui estão eles. Volte sempre!
— Ufa, então agora podemos começar.

Luke Wallers já imaginava que sua vida não iria mudar depois que se tornasse campeão. Havia percebido isso há pouco tempo antes de alcançar oficialmente o nível mais alto que qualquer treinador de Sinnoh desejaria, assim como seu pai um dia alcançara e mantivera o posto durante mais de uma década.
E agora? O que faria? Nos últimos tempos os campeões da região estavam fadados a terem de passar o resto de seus dias sentados em um escritório, e alguns eram tão jovens e sem experiência que ficavam jogando vídeo game para passar o tempo enquanto assinavam papeladas que não sabiam para que serviam, entregues por adultos que os manipulavam por dentro e aos pouquinhos.
Sabia bem como a coisa toda funcionava. Vira seu pai tomar conta de uma região inteira por mais de 10 anos, tendo sido considerado por muitos os “Anos Dourados”. Todavia, aquele trabalho todo de batalhar e governar parecia ser bem maçante e mal planejado. Campeões que trocavam de cargo frequentemente não davam a oportunidade de bons projetos serem iniciados, sendo que o novo responsável sempre tinha planos diferentes. Havia todo um conflito de ideias e mal planejamento. Afinal de contas, quem decidira juntar as duas coisas?
Luke Wallers chegou a uma simples conclusão. A primeira grande decisão que tomou foi:
— Quero que o cargo de campeão seja separado. O campeão batalha e protege a Elite dos 4, é o organizador da Liga Pokémon, um evento que deve manter suas origens; enquanto uma segunda pessoa deve governar a região. Um líder nato, um guia para a nação continuar crescendo. Trabalhos separados e independentes um do outro.
E a segunda foi:
— Eu renego ao meu cargo de campeão. Valeu, falou.
Luke Wallers desceu as escadarias do castelo da Liga fazendo sinais de paz e amor com as duas mãos, pegou sua bicicleta e saiu pedalando.
Pois bem.
Não é preciso dizer que a decisão chocou todo o continente, tendo sido muito comentada pelo recorde que Luke Wallers acabara de quebrar: O Campeão que menos ficou no poder. Menos de 48 horas.
A decisão pode ter sido precipitada, mas de maneira alguma mal planejada. Luke era apenas um garoto de 15 anos, o que poderia fazer para mudar uma região inteira que não fosse sair com os amigos e jogar vídeo games? Ele ainda era uma criança, no máximo um pré-adolescente, e não fazia questão alguma de tentar ser mais do que isso. Se o povo de Sinnoh esperava por mudanças, então não imaginaram que seriam aquelas. Ike Smithsonian foi mantido como campeão da Liga até que um próximo torneio fosse realizado no ano seguinte, e com isso, sua Elite dos 4 também se manteve intacta.
Para a surpresa de muitos, Walter Wallers candidatou-se como possível governador de Sinnoh. O velho campeão de ouro retornou! — diziam as manchetes, e não faziam questão de vê-lo batalhar ou proteger um título, contanto que fizesse a sua parte em guiar a região para dias prósperos.
Walter foi o vencedor com mais de 90% dos votos.
— Nossa família de volta ao poder — concluiu Luke Wallers, contente.
Estava com as mãos atrás da cabeça enquanto sentava-se em cima de uma parede de rochas próximo à praia, sentindo a brisa bater em seu rosto. Os jornais comentaram muito seus feitos, mas ele não ligou. Nunca dera muito importância para o que falavam dele, contanto que não mexessem com seus amigos e família.
— E nem adianta dizer que mexemos por debaixo dos panos, porque foi tudo autêntico e elaborado — continuou o rapaz, fazendo com que Lukas desse uma ligeira risada.
— Acha mesmo que o pai não está velho demais para tomar conta dessas coisas de novo? — indagou Lukas.
— Qual é, o velho sempre adorou tudo isso! Ele curte resolver problemas, tá no sangue da família lidar com imprevistos e pressão. Melhor do que ficar sentado na poltrona de casa dormindo e assistindo Big Brother de noite. Eca! Foi ele quem sugeriu tudo isso, acha mesmo que essas ideias mirabolantes viriam dessa cabeça vazia aqui?
— Com certeza não — Lukas pegou-se rindo.
— Pois é... — Luke comentou com a voz baixa. — E o que fazemos agora?
A brisa leve soprava, cada hora para uma direção diferente, exatamente como os instintos e o rumo que os jovens meninos tinham no momento. Absolutamente nenhum.
— Acho que vamos ter que percorrer todo o percurso que fizemos em nossa aventura de novo para chegar em casa, — comentou Lukas — só que o caminho oposto.
— Cara, que merda. Mas a descida sempre é mais rápida, não?
— Claro que sim. Você provavelmente vai sair rolando...
— Tá me chamando de bola, pivete? — indagou Luke. — Não esquece que nós somos gêmeos, demorou?
E os dois acabaram caindo na risada, pelo simples fato de não terem mais com o que se preocupar. Estavam livres!
Um único capítulo seria muito pouco para descrever o percurso completo desses dois gêmeos tão amados, caso contrário, seriam necessários outros 100 para compartilharmos todas as desventuras que os Irmãos Wallers arranjaram mais uma vez. Amigos, rivais, líderes de ginásio e companheiros de aventura estiveram em sua rota de retorno a oeste de Sinnoh, todos desejando as congratulações sinceras aos mais novos campeões e top coordenadores que faziam seu retorno ao lar. A volta para casa traz um único objetivo: Chegar. Sempre há uma ligeira mudança no caminho, mas que não difere do destino principal. Dessa vez não havia interesse em explorar áreas desconhecidas, somente conhecê-las com mais detalhes; não havia necessidade de provar para ninguém que eram os Melhores.
Era começo de Janeiro, e muitos treinadores novatos acabavam de sair em jornada. Luke sentiu uma enxurrada de nostalgia atingir suas lembranças quando viu três crianças e seus iniciais rumarem pela Rota 201. A caverna onde Lukas se abrigara numa tempestade de neve ainda estava lá, vazia e incólume. Nenhum outro treinador ousara invadir os territórios dos Pokémon que lá habitavam.
Incontáveis páginas, milhares de palavras e anos de viagem... Resumidos em um parágrafo, retomando as entrelinhas do início de uma jornada.
Twinleaf Town. A pequena cidade do interior estava lindamente iluminada pelos primeiros raios de sol da manhã. Fazia um calor dos infernos, Lukas até chegou a sentir falta da neve e do clima ameno de quando saíra de casa nos feriados para passar um tempo na casa dos avós. Enquanto Sinnoh inteira passara por estações diferentes e mudanças frequentes, aquele pequeno vilarejo não fora afetado em nenhum sentido. Parecia que nem mesmo as árvores haviam perdido suas folhas.
A fumaça já saía lentamente da chaminé visível de sua casa.
— Mamãe deve estar preparando o almoço — disse Lukas, contente. — Liguei para ela e falei que chegaríamos dentro de uma horinha de Sandgem. Falta muito pouco, irmão!
— Cara, sabe do que eu preciso? — indagou Luke.
— Diga — respondeu Lukas.
— Comer. Comer muito. Tipo, eu acho que estou com a fome de uma capivara obesa, pra você ter noção. Estou morto de fome, e não me leve a mal, pivete, mas enjoei da sua comida.
— Puxa, que consideração pela pessoa que cozinhou para você nos últimos anos. Café, almoço e janta. E com direito à sobremesa! Mas, tudo bem, calculamos mal ao deixar a comida acabar semana passada.
— Ainda sinto os miojos estragados da Dawn rondando meu estômago — Luke grunhiu. — E eu necessito daquele carinho da mamãe e do tempero especial do pai, compreende? Acho que vou comer tanto que vou ficar mais gordo do que aquele seu Gastrodon.
— A mãe me contou também que chamou um pessoal para ir comemorar. O tio Glenn e o tio Marshall com certeza estarão lá, até o Erick! Espero que a Vivian e o Stanley também apareçam a tempo. Fora os nossos Pokémons, né. Em casa não falta comida! E a família Wallers nunca dispensa uma boa celebração.
— Vamos ter uma festa justa agora? Porra, só porque eu queria chegar e usar o banheiro em paz... Nem lembro a última vez que tive essa liberdade e solidão para com meus pensamentos.
A pequena residência dos Wallers seria palco de uma festa para todos os amigos mais próximos, e também alguns penetras. Toda a ex-elite estava presente, Glenn Combs, Marshall e Erick já faziam parte da mesa mais uma vez, ajudando na cozinha e esgotando o estoque de bebidas refinadas do velho Walter. Cynthia e Dawn chegaram juntas, e Luke surpreendeu-se quando recebeu sua namorada na porta. Ela estava radiante, com um pequeno laço na cabeça e roupas de verão. Fazia tanto tempo que não a via! Mal podia esperar para passar algumas horas só com ela, pois tinha algumas coisas importantes a serem ditas. Vivian e Stanley chegaram pouco tempo depois, e que sensação incrível foi aquela de ver todos os companheiros de jornada reunidos mais uma vez após o final de uma longa temporada que já se estendera há tanto tempo.
— Sabe o que faltou aqui? Gente pra gente falar mal — comentou Vivian. — Vocês chamaram a nariguda da Clarisse? Eu também estava a fim de zoar um pouco a Marley, ela decidiu soltar o cabelo que está bem longo agora. Parece uma gótica, definitivamente.
 — Nós chamamos, mas não sei se eles virão. Já acho que não seria uma ideia muito inteligente colocarmos Vivian, Marley e Paula num mesmo ambiente a menos de 1 km de distância uma da outra — Lukas respondeu com um sorriso.
— E falando em Paula, como vai sua namorada? — indagou Stanley.
— Infelizmente não pôde vir hoje, ela está ocupada no conselho garantindo o equilíbrio do universo para que a raça humana não seja pulverizada — falou o coordenador, o que fez Dawn soltar um longo suspiro.
— Ela definitivamente é bem importante.
Enquanto os jovens conversavam em sua roda de amigos, Fantina deu as caras numa visita rápida, só para dar um abraço em seu adorado Luke, o que obviamente não tinha nada a ver com o fato de Walter estar lá (a verdade é que a velha líder de ginásio Ghost-type já era velha quando Walter iniciou sua jornada, e ainda hoje o achava um gato, então não demorou para que Melyssa desse cabo dela pelos fundos).
Roark compareceu para parabenizar o amigo e ficou algum tempo, mas logo teve de retornar à Oreburgh para checar a papelada para mais uma faculdade que estaria começando a cursar, o que foi uma bela notícia para os demais. A família inteira se surpreendeu quando tia Martha e Proton também chegaram trazendo presentes e TMs falsificados de todos os tipos. Marshall permaneceu indiferente, e mesmo com a presença de dois dos maiores criminosos da região continuou tomando seu café ao afirmar: Estou de folga hoje. Só não venham aprontar demais.
 Todos conversavam e riam, como uma família grande e feliz novamente. Ike também fora convidado, mas decidira por não ir. Luke Wallers já tivera muito dele nos últimos dias, mas, puderas, era preciso dar umas férias para o garoto. Junto de seus companheiros de trabalho, Ike logo iniciou a reconstrução da fortaleza destruída e planejou o caminho que a Liga Pokémon tomaria nos próximos dias.
Aquela não era uma festa para comemorar a vitória de Luke em especial, afinal, ele não era mais o campeão. Era só mais uma daquelas reuniões de família nas tardes de domingo, com pães de forma, alguns frios, café e chá. Os velhos jogavam conversa fora, os mais novos tagarelavam sobre os mais variados assuntos irrelevantes. Melyssa e Walter observavam tudo contentes, satisfeitos pela casa cheia e, acima de tudo, completa mais uma vez.
Selena estaria orgulhosa! — a mãe pensou com um sorriso no rosto.


Por volta da tarde, Luke e Dawn saíram um pouco da casa, aventurando-se pelas proximidades do vilarejo e distanciando-se dos demais, procurando um pouco de privacidade.
— Aonde vai, parceiro? — indagou Stanley para o amigo, recebendo um tapão de Vivian.
— Isso é coisa que se pergunte para um casal? — A ruiva bufou. — Se eles querem ficar sozinhos, deixa os dois sozinhos, poxa! É tão difícil ser discreto?
— Não é nada disso, gente — disfarçou Luke. — Eu só queria ter uma conversa com a Dawn.
— Ihh... — Stanley já fez uma careta. Sabia muito bem o que aquela frase significava. Vivian conseguia ser ainda menos discreta.
— Ahh, sim. Eu pensei que vocês fossem, tipo, fazer sexo selvagem — Vivian brincou. — Beleza então, assim que voltarem a gente continua a comemorar, mas enquanto estiverem fora vamos falar mal de vocês, já deixo avisado! Heh, heh.
Dawn corou um pouco, e de mãos dadas os dois foram seguindo até os arredores do Lake Verity, exatamente onde foram atacados por Starlys e viram o guardião Mesprit pela primeira vez. Eram tantas lembranças! O lago estava lindo, brilhante. Radiava uma cor azulada pura e permanecia intocável.
— Dawn, você não vai acreditar...
— Sim, Luke?
— Achei as minhas pedras, cara! Lembra delas? Eu as escondia aqui no tronco desse pinheiro velho, ninguém mexeu nelas. Minhas pedras fósseis desenhadas com canetinha, huh, huh. E eu dizia na época que me tornaria um famoso treinador com Pokémons Ancestrais. Meu Bastiodon iria curtir essa história! Cara, tô ficando velho...
— E eu me lembro que você quebrou minha pokéagenda aqui — Dawn disse com uma risada. — Foi assim que nos conhecemos.
— Eu pensei que você fosse me bater.
— Eu só bato se você pedir — ela brincou, dando soquinhos de leve no ombro do rapaz.
Os dois correram mais um pouco até se distanciarem da entrada, onde por fim alcançaram uma clareira e se jogaram no chão, onde permaneceram a encarar o céu límpido de braços estendidos, ainda de mãos dadas.
— Ainda não acredito que você desistiu do posto de campeão — murmurou Dawn.
— Ah, foi bom saber que cheguei lá, mas eu nunca daria um campeão tão bom quanto meu pai. Ainda sim, sou um andarilho. Estou disposto a lutar contra treinadores extraordinários que me desafiarem para uma batalha! Nunca fujo de um desafio.
— Você não muda mesmo, Luke Wallers...
— Ei, Dawn, eu queria perguntar o que você vai fazer na próxima semana?
A moça encarou-o com olhos um pouco assustados. Pareciam esconder algo.
— Bem, eu... Já tenho compromisso.
— Sério? E o que é?
— Eu e a Cynthia combinamos de ir a um show na região de Kalos. Vamos ficar lá um tempo. Acho que... uns dois meses. Espero que não se importe.
Luke até mesmo chegou a sentar-se ao ouvir aquilo, mas não demonstrava frustração por ter sua namorada “roubada” por outra mulher. Pelo contrário, ele parecia bem contente.
— Cara, você se deu bem com essa moça mesmo! A Cynthia é maneira, quero desafiá-la para uma batalha um dia. Meu Garchomp seria um forte oponente contra o Garchomp dela.
— Daria mesmo, e ela te adora! — Dawn falou. — A Cynthia é quase que uma mãe para mim.
Luke virou-se meio pensativo. Suas mãos suavam e ele olhava para os lados mesmo sabendo que ninguém iria espiá-los. Por mais que fosse conhecido por dizer o que pensa e geralmente não saber lidar com imprevistos, aquelas palavras pareciam estar matutando em sua mente faz um bom tempo.
— Engraçado... Eu queria falar com você justamente porque estou querendo sair em uma viagem com meu irmão. Acho que para Hoenn, não sei. E tipo, nem faço ideia de quando vou voltar. Quero encontrar novos treinadores, conhecer mais pessoas! Mas vou nessa viagem pra passar um tempo com ele, explorando o mundo. Espero que não se importe também.
— Não, não. Claro que não.
Os dois se mantiveram em silêncio por minutos cruéis. Será que realmente estava para acontecer o que ambos pensavam? Os pensamentos pareciam compartilhados. Luke e Dawn viraram-se um para o outro e falaram quase que ao mesmo instante:
— Eu queria perguntar...
— Ops. — Dawn deu uma risadinha meiga.
— Diz você primeiro — Luke respondeu de maneira galanteadora.
— Não, fala você.
— Beleza. Não me leve a mal, mas... Sabe o nosso namoro?
Dawn piscou e sua boca se abriu num claro sinal de surpresa.
— Não me diga que você quer terminar comigo.
Luke engoliu seco ao ouvir tal afirmação. Para sua surpresa, a moça não ficou frustrada ou começou a espernear na tentativa de dar-lhe um soco no nariz. Teve uma reação bem, digamos assim, pacífica.
— Você vai acreditar que eu queria comentar justamente disso com você?
— Tá brincando?
— Olha, Luke... Já passamos mais de 100 capítulos juntos, e rolou uma coisa ou outra, mas... Faltou química, sabe? Você é meu amigo, mas tão amigo, tão amigo que eu tomaria banho junto com você. Ambos queríamos alguém que nos fizesse companhia, alguém para sempre estar junto. No fim de tudo acho que encontramos, mas o que foi nosso já é o suficiente.
— Também quero conhecer novas pessoas, continuar voando, entende? — Luke Wallers respondeu, aliviado.
— Sim, perfeitamente. — Dawn concordou. — Gosto muito da Cynthia também, então eu e ela queremos ter um tempo pra viajar, conhecer o mundo. Vai ser divertido para nós duas, uma experiência e tanto!
Luke arregalou os olhos.
— Vocês são... lésbicas? Uau. Nossa, isso é muito... sexy.
— Claro que não!! É só que, augh! Como você é complicado!
E sempre que Dawn começava a ficar brava, Luke a abraçava com carinho, de tal forma que ela perdia todos os argumentos. Ali, deitados na grama macia do Lago da Verdade, os dois sentiam-se mais uma vez como as crianças que se conheceram, tão diferentes uma da outra, e que ainda sim aprenderam a se amar.
— E é por isso que te amo tanto — Dawn respondeu completamente derretida, compartilhando do abraço.
Quando um finalmente encontrou coragem para afastar-se do outro, Luke esticou a mão em direção da moça e falou:
— Amigos?
— Amigos — ela confirmou, entrelaçando seus dedos nos deles, e aquilo quase soou como uma confissão de uma paixão da mais pura.
— Quem sabe no futuro rola alguma coisa, caso o tempo continue cumprindo sua função e nós dois saibamos esperar  — disse Luke. — Cara, todo mundo vai ficar uma fera quando souber... Já vou me preparando pra ouvir muita merda. Mas, quer saber? Estou feliz!
— Nós dois estamos. Fico ainda mais contente por saber que poderei continuar mantendo essa amizade — continuou Dawn.
— E a propósito, aquela parada do banho... Ainda é válida pro seu amigão aqui? O lago tá aí do lado, e com esse calor, eu não me importaria de nadar pelado.
Dawn devolveu uma risadinha maliciosa.
— Acho que é por isso que me apaixonei por você. Mas não esquece que eu não sei nadar, hein?

O sol preparava-se para desaparecer atrás do grandioso Mt. Coronet. Provavelmente Paula conversara com Groudon para dar aos humanos mais alguns dias de calor de modo que eles aproveitassem a manhã o máximo possível, mas era chegada a hora do anoitecer, onde Lady Cresselia abençoaria o anoitecer com estrelas brilhantes e o silêncio, em sua eterna vida ao lado do Conde Darkrai.
Era chegada a hora dos convidados irem voltando para suas casas. Dawn despediu-se de Luke com um abraço e prometeu visita-lo em breve, afinal, Sandgem não ficava muito longe e ela adoraria ouvir as muitas histórias que ele ainda tinha a contar sobre suas batalhas na Liga Pokémon.
Quando somente a família Wallers estava presente, Walter e Melyssa abraçaram seus filhos com ternura, lembrando-se do dia em que ainda estavam em dúvida sobre deixa-los sair em jornada com seus estranhos iniciais, um Gible e um Pachirisu!
— Veja como estão... — sussurrou Melyssa. — Cresceram mais ainda, é melhor pararem, pois quero que caibam em minhas asas enquanto eu tiver esse direito.
— Meus amados filhos... Vocês me surpreenderam. Eu estive esperando pelo dia em que voltassem como verdadeiros adultos, e hoje vejo que vocês realmente cresceram e se tornaram homens, mas mantiveram a essência de quando eram jovens e começaram suas jornadas, e nada pode tirar isso de vocês — disse Walter Wallers.
O velho colocou a mão no ombro de cada um e sorriu:
— Eu estou orgulhoso de vocês dois. Nós estamos.
Somente um filho saber dizer o quanto aquelas palavras eram importantes, principalmente vindo de alguém que tanto respeitavam quanto seus próprios pais.
O quarto dos irmãos estava perfeitamente arrumado, tudo em seu devido lugar, apesar dos dois provavelmente terem deixado tudo uma bagunça quando saíram de casa às pressas no início de suas aventuras. Lukas tocou o lençol de sua cama e deitou-se nela, Luke subiu na beliche e um soco de nostalgia acertou o seu pâncreas.
— Caraiooooo! Pivete, meus pés estão saindo pra fora da cama!! Fazia tanto tempo assim que não voltávamos para casa?
— Ainda não caiu a ficha pra mim... — comentou Lukas.
Quando eles foram se deitar era pouco mais que as 22h, mas ficaram conversando por horas e mais horas, sem se preocupar com vizinhos, e por isso riam e falavam alto.
 — Nada melhor do que dormir em sua própria cama e com seu travesseiro! Nada contra hotéis e Centros Pokémon, mas meu quarto é o meu quarto. Aqui dentro, eu sou rei — brincou Luke. — E por sinal, pivete, quando é que você vai apagar essa droga de luz?
Lukas estava aparentemente lendo um livro na cama de baixo. Luke ficou de ponta cabeça, espiando-o de cima quando seu irmão parou de escrever e encarou-o com um ternura.
— O que você tá lendo? — indagou Luke.
— Alguns rascunhos e anotações que fiz de nossa jornada.
— Tipo um diário? Que coisa gay.
— É. Tipo um diário. Mas até onde sei, eu ainda namoro uma deusa, e você está solteiro. Hah, touché.
Luke voltou para sua cama e esticou os braços atrás da cabeça, soltando um longo suspiro de aprovação.
— Solteiro, sim, sozinho, nunca! Hah, hah.
— Você vai me agradecer no dia em que eu publicar a história de nossa vida ou fizer um mangá sobre a maneira como eu enxergo nossos Pokémon.
— Ah, então é isso que tu tá fazendo? Uma história nossa?
— Mais ou menos... Não exatamente nossa, mas sobre nossos Pokémon, como se eles fossem a gente, como se eles tivessem a própria jornada deles, entende?
— Maneiro. Vou querer ver quando você terminar.
Lukas assentiu com a cabeça contente, rascunhando mais algumas palavras e rabiscando desenhos no canto da folha. A janela estava aberta, uma brisa deliciosa entrava pelo cômodo. Ali, no silêncio de seu lar, lembranças súbitas de tudo que passaram voltaram à tona para os irmãos, quase que ao mesmo tempo.
Foi a vez de Lukas dizer:
— Sabe, Luke, nestes últimos meses aprendi que existe vida fora dos livros. É como se nós estivéssemos montando a nossa própria história a todo instante. E às vezes imagino se no futuro ainda ouvirei minha filha perguntar: Papai, conta de novo como foi o dia em que o titio se tornou campeão! E eu responderei: Sim, querida, seu tio era um garoto muito insuportável e pretencioso na época, mas encontrou seu final feliz.
— Encontrei? — Luke perguntou, meio desconfiado.
— Sei lá. Você é que tem que me dizer.
O rapaz ficou de ponta cabeça na beliche de novo para enxergar melhor seu irmão.
— Quando é que vamos sair naquela jornada que combinamos?
— Quando você quiser.
— Gostei de ver, mano! A vida não vai esperar a gente acabar um livro cara, temos que continuar nos aventurando! Vamos ler o que pudermos e enquanto pudermos. Tudo bem que eu não curto ler, deixo isso pra você, mas deu pra entender a metáfora, né?
— Escritores também precisam de combustível — Lukas concordou com um sorriso. — Eu queria que nossa história tivesse uma aura diferente, aquela sensação que você nunca consegue encontrar em outras produções. É a sensação de ser humano, com personagens fortes e maduros, mas com o coração de criança.
— É. Saquei.
— Mas vou demorar bastante pra escrevê-lo, fique tranquilo. Quem sabe algum dia? Quero surpreender pessoas, quero que elas encontrem nessa história um refúgio para os que fugiram da vida, uma aventura a ser vivenciada, um sentido para quem perdeu os motivos de acreditar.
Luke deitou-se em sua cama e olhou para o teto. Os dois pararam de falar e subentendeu-se que o sono os atingira e era chegada hora de dormir, já passava das duas da manhã e os jovens haviam tido um dia cheio.
Quem sabe algum dia aquele livro viria a ser criado? Um livro que nos contou não apenas histórias, mas reuniu vidas. Por fim, Luke e Lukas entenderam toda a aventura que tiveram até hoje, e o que buscavam. Não se tratava apenas de ser campeão ou top coordenador, e nem o melhor de todos. Sentiam-se tranquilos, serenos, sem preocupação alguma em seus corações.
Este era o significado. Finalmente, compreenderam.
Estar em paz.


The End

    

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