Posted by : CanasOminous Jul 17, 2012

A sala suja do cômodo era mal iluminada e pouco decorada, o conjunto de camas desarrumadas e enfileiradas dava a ideia de um quarto onde as pessoas eram tratadas como números, cada qual em eu devido lugar, aguardando seu devido julgamento para saber se teriam mais um dia de vida ou não. Pessoas entravam e saiam do albergue a todo o momento, e em um canto escuro do quarto jazia um velho homem enrolado em seus cobertores e ouvindo o caminhar pesado das pessoas no local.
Estava imóvel naquela posição há quase duas horas, ninguém lhe dirigia palavra, ninguém lhe direcionava interesse. E se estivesse morto, não fariam questão de verificar. Estava muito mais degradado desde a última vez, havia perdido peso e tinha a garganta machucada de tanto tossir. O homem permaneceu naquela posição por mais alguns minutos até ouvir alguém sentar-se na ponta de sua cama, a figura esticou seus braços e segurou nas mãos machucadas do velho, colocando uma linda flor no vazio daquele instante.
— Ed, você melhorou? — perguntou a garota.
O velho deu três tosses, uma seguida da outra, em seguida, acenou positivamente para a garota e tentou forçar um sorriso após limpar o nariz sujo.
— Sim, Dawn. Já estou bem melhor. Vou até cantar hoje.
— Verdade? Vai fazer um daqueles shows? — perguntou a garota com toda sua curiosidade.
— Um show não, um verdadeiro concerto! Haverá uma plateia gigantesca, eu tocarei em um teatro tão grande que caberiam milhares de pessoas, milhares! Consegue ter noção do quão grande este número é?
A menininha tentava fazer contas com os dedos de sua mão, e independente de não saber ao certo do quanto se tratava, sabia que seriam muitas pessoas. Estava ansiosa para ver o velho Don Edward voltar a tocar. Naquele dia fazia duas semanas que ele estava na cama do albergue, aproximadamente quinze dias. Celia e Dean faziam seus trabalhos de forma frenética enquanto tentavam juntar dinheiro para ajudar o amigo com os remédios e o que fosse necessário. Chegaram até mesmo a optar por largá-lo nas ruas, mas Dawn os impedira de qualquer maneira. Eles jamais poderiam abandonar alguém da família.
— Tio Ed, o que vai fazer hoje à tarde?
— Provavelmente o mesmo que todas as semanas passadas. Escrever canções e poemas. — disse o velho fazendo uma curta pausa — E você, minha querida? Conseguiu terminar aquele projeto?
Os olhos de Dawn pareceram brilhar, ela abriu a pequena mochila que a acompanhava desde então e retirou um objeto. Estava mais cheia desde a última vez; tinha algumas maçãs, cadernos de anotações, seu Mudkip de pelúcia, roupas sujas, podia-se dizer até que era uma treinadora que saia em viagem.
Dawn abriu o objeto que se revelou ser uma garrafa de vidro e tirou um pequeno papel que continha uma caligrafia infantil. Ela entregou-o nas mãos de Ed que o tateou lentamente, em seguida perguntou à garota:
— Poderia ler para mim?
— Hm, acho que sim... Eu melhorei um pouco minha leitura, me fala se estou melhor.
A menina começou a ler sua cartinha um pouco sem graça. Ed estava sentado na cama ouvindo atentamente cada palavra que era interrompida por tosses que pareciam piorar cada vez mais. Porém, o brilho da carta não desaparecia. A magia da inocência dela, a esperança que nunca morreria.

"Papai e Mamãe, onde vocês estão? Eu joguei essa garrafa no mar esperando que vocês encontrem um caminho para mim depressa. Estou morando com meus novos amigos, o tio Ed e o tio Dean. Também tem a tia Celia, mas ela é muito brava, eu tinha medo dela antes. Só que agora ela é legal, ela cuida de mim. Estou contando os dias para vocês voltarem logo, muitas saudades. Com carinho, Dawn.”

O velho não pôde terminar de ouvir a carta, começou a tossir de forma tão frenética que até mesmo Dawn se assustou. As outras pessoas do albergue foram ver o que acontecia até Dean e Celia chegarem. O bandido guiou Ed até o banheiro enquanto Celia trazia Dawn para fora do imóvel. A menina estava muito assustada, só teve tempo de guardar suas coisas e deixar o local. As duas sentaram-se na praça e aguardaram, Celia cruzou as pernas enquanto olhava para a janela do segundo andar do albergue de forma impaciente. Estava muito preocupada, embora tentasse não demonstrar.
— O tio Ed está doente? — perguntou Dawn.
— Não. É uma gripe, eu acho. Coisa de velho. — respondeu Celia.
— Você acha que ele vai...
Celia deu um salto da banqueta e segurou nos ombros de Dawn com força, olhando com seus olhos profundos diretamente nos de Dawn e parecendo dar-lhe uma bronca.
— Ele não vai morrer, está me ouvindo? Não vai!
— D-Do que você está falando? Eu ia perguntar se meu pai vai encontrar a garrafa que eu vou jogar no mar. — respondeu Dawn espantada. Celia afastou-se lentamente e pôde ver os olhos esbugalhados da garota agora liberarem finas lágrimas. Dawn hesitou e mordeu os lábios tentando conter o choro. — Você acha que o tio Ed vai... morrer?
— N-Não... Você entendeu errado...
Dawn levou suas mãozinhas em direção de seu rosto e tentou tampá-los para evitar que fosse vista. Levou a mochila até o rosto e o tampou para abafar o som, pois sabia que Celia odiava choros. A mulher ajoelhou-se em frente de Dawn e abraçou-a um pouco sem reação, tinha adquirido um grande afeto pela menina, e não queria perdê-lo tão depressa. Lentamente, tirou a mochila da garota e começou a acariciar seus cabelos negros, erguendo o rostinho dela e limpando suas lágrimas.
— Me escute, me escute.  — repetiu — Esqueça o que eu disse, tá bom? Eu só estava preocupada, e você conhece o Ed, nada derruba aquele velho! Se quiser pode perguntar para o Dean, ele nunca mente.
Dawn ainda chorava um pouco, tentou limpar as lágrimas esfregando suas bochechas rosadas. Celia esticou os braços e chamou-a para um abraço, acolhendo a garota em seu peito como se fosse sua mãe. Nas últimas semanas Celia havia se tornado mais carinhosa, talvez fosse o efeito da presença de uma criança em sua vida. As duas permaneceram naquela posição por um tempo, e logo, Dean estava de volta cabisbaixo e com as mãos no bolso.
— Ele está mal. Piorando cada vez mais...
Dawn voltou a chorar depois do que o amigo dissera, Celia deu um soco no ombro de Dean que ainda não entendia muito bem o motivo daquilo. A mulher continuou a tentar consolar a pequena. Os três se sentaram na praça de frente ao albergue e ali permaneceram, revezando algumas vezes os momentos em que subiam para ver como o velho estava.
— O tio Ed disse que tinha um concerto hoje. Como ele vai fazer para ir? — perguntou Dawn.
— Provavelmente não poderá mais ir. — respondeu Celia de imediato.
— Isso se esse concerto existir. — brincou Dean, recebendo um olhar reprovador da moça seguido de outro soco — Digo, e você saberia nos dizer onde era esse concerto?
Dawn não havia perguntado, mas fez questão de subir e verificar com o homem. Ed pareceu envergonhado quando ela perguntou onde seria o tão aguardado concerto, o velho coçou a cabeleira e hesitava a cada palavra proferida.
— Acho que não vou poder ir.
— Eu sei, mas onde seria? — continuou a garotinha — A gente vai falar para os homens que você está passando mal e não pode ir.
— Não tem problema, eu aviso eles.
— Não avisa, não! Você tem que ficar deitado, tio Ed.
O velho hesitou um pouco, ele realmente não queria contar onde era. Na cabeça de Dawn ele fazia aquilo para aumentar o suspense e no final mostrar para todos que iria se recuperar e fazer o melhor show de sua vida, mas o velho sabia muito bem porque não queria contar. Ele mentia. Nunca houvera nenhum show. E ainda por cima, se escondia em um pseudônimo ridículo. Seu nome verdadeiro era João de Souza, quem apostaria seu dinheiro na carreira de um velho cego?
Ed ainda hesitou, pensou numa forma de enganá-la, mas não via como, então, decidiu contar onde era o famoso teatro com um público de milhares de pessoas.
— Siga para a direita do Centro Pokémon por alguns metros, é um local... Um pouco discreto. Fale com o Dean, ele provavelmente irá saber onde é. Meu show estava marcado para as oito horas da noite.
Dawn agradeceu alegremente e desceu as escadarias do albergue indo ao encontro de seus amigos. Ela indicou onde se localizava o teatro, mas até mesmo Celia que morava em Jubilife a vida inteira parecia não conhecer.
— Um teatro desse porte? Você tem certeza que o Ed te falou o endereço certo? — perguntou Celia.
— Tenho sim, ele não iria mentir!
— Tudo bem, vamos seguir para onde o velho nos indicou e cancelar esse concerto antes que chegue a hora dele se apresentar. — concluiu a mulher.

Os três caminharam pelas ruas movimentadas da cidade. Aos poucos o entardecer desaparecia dando lugar à noite que jamais dormia. Em breve Celia iria começar mais um dia de trabalho para pagar garantir seus trocados e pagar a estadia de Ed no albergue sem que os donos reclamassem. Dean e Celia logo alcançaram o local marcado por Dawn, e como esperavam, não havia teatro nenhum. Era apenas um velho bar de esquina com alguns frequentadores.
— Eu sabia. — disse Dean.
— Onde está o teatro? E as pessoas? O Ed disse que tocaria para milhares, elas ainda não chegaram?
— Talvez não, querida. Sorte delas, não é? Pelo menos elas não precisarão ficar esperando, pois o Edward não poderá comparecer essa noite. — mentiu Celia — Vamos cancelar esse show o quanto antes.
Celia entrou no balcão do bar e direcionou-se ao gerente. Alguns homens pareciam cumprimentá-la em busca de algo, mas a moça apenas dizia estar ocupada. Não estava ali para negócios, estava somente como um favor para um amigo. O gerente era um velho gordo de bigodes brancos, quando soube da doença de Ed ficou muito chateado sabendo que havia perdido a noite sem seu músico predileto.
— Então, o velho Ed não poderás aparecer hoje? — perguntou o gerente.
— Sim, ele está piorando cada vez mais, sair da cama num dia frio como esse não seria bom para ele. — explicou Celia.
— Ora pois, essas mudanças de clima... Sempre nos pegam desprevenidos, ó pá!
O homem ficou extremamente chateado, não tinha nenhuma atração para manter seus visitantes entretidos, e àquele horário era impossível encontrar algum outro músico nas redondezas. Quando Celia, Dean e Dawn preparavam-se para partir, o homem chamou-os novamente:
— Dona Celia, por favor! Não poderia indicar nenhuma pessoa para tocar aqui nessa noite?
— Qualquer lixo aí na rua seria melhor do que o Ed. Você não vai demorar muito para encontrar.
No mesmo momento, a moça foi interrompida por um puxão de Dawn.
— O Ed não é ruim, ele toca muito bem! Não diga essas coisas!
Celia ficou um pouco perplexa, ainda estava acostumada com a forma rude como tratava seus companheiros, e a maneira grossa a que se referia ficara bem evidente em sua mente. A pequena Dawn se prontificou:
— Eu posso cantar no lugar do tio Ed...
— A gaja podes cantar! Ó pá, serás magnífico!
O gerente se surpreendeu, assim como Celia. Dean caiu na risada, ajeitou o blusão e encarou o local vendo se haveriam pessoas demais para rir daquela cena. Celia agachou na altura da pequena e afirmou:
— Você nem sabe cantar!
— Essa apresentação era importante para o tio Ed, eu vou cantar no lugar dele.
— Não, você não vai! Você nem deve saber cantar, vamos embora daqui.
— Mas eu sei tocar piano! Um pouco pelo menos, eu vou cantar, sim!
Dean tocou no ombro de Celia e observou-a de forma séria com suas sobrancelhas caídas.
— Se a Dawnzinha for, eu também canto.
— Ah, era isso que me faltava! — Celia esticou os braços no sinal de surpresa e angústia, sua maldade parecia ter se aglomerado para ser liberada naquele instante — Dois imprestáveis fingindo saber cantar para entreter um bando de pessoas vão só rir de vocês!
— Vamos lá, Celia. Será divertido, todos nós podemos ajudar o Ed e comprar remédios ou qualquer coisa que ajude na melhora da saúde dele. Não sabemos o que está acontecendo, e se eu continuar levando qualquer xarope com efeitos diferentes isso poderá piorar ainda mais a situação do velho. Ele nos ajudou quando éramos mais novos, ele é, tipo, da nossa família, como diz a Dawn.
Celia olhou para a menina que parecia balbuciar palavras de imploração para que ela ficasse e cantasse. A mulher deu de ombros, e não fez questão nem de se despedir.
— Cantem, sigam a música. — disse ela de forma irônica, como se caçoasse da forma como Ed falava — Sejam humilhados sozinhos. Eu tenho que trabalhar hoje à noite.
Dean pensou em dar uma resposta naquele mesmo momento, mas não falou nada pelo bem da pequena ao seu lado. Dean disse ao gerente que estaria cantando naquela noite, e assim, preparou-se para subir no palco na companhia de Dawn.
Não era um bar muito grande, havia apenas alguns homens e casais em mesas mais distantes. Nenhuma música tocava até então, as caixas de som localizadas em pontos estratégicos foram ligadas chamando a atenção de algumas pessoas que estavam na bancada. Dean era um sujeito tímido, mas se fosse pagar uma grande vergonha podia correr. Era o melhor que fazia.
A plateia parecia muito surpresa com a presença de uma criança, mas no começo, Dawn apenas sentou-se em um canto do palco e aguardou. O gerente entregou o microfone nas mãos de Dean que fez alguns acenos estranhos tentando refletir sobre alguma canção que conhecera na infância. Gostava de ouvir o rádio, e lembrava-se de uma que seu bom pai cantava para ele antes de ser levado pelo governo. Dean segurou o microfone e sorriu:
— Todo mundo já se apaixonou por alguém nos tempos de infância. E nossa, como a gente é bobo nessa época. Nem todos esses amores e paixões dão certo, mas querem saber? Naquele tempo, posso dizer que foram os melhores dias de minha vida. Tempos em que eu podia jurar que vivia em um paraíso.

"Pensando nos nossos tempos de juventude só existia eu e você
Éramos jovens, selvagens e livres.
Agora nada pode te manter longe de mim
Já passamos por isso antes, mas agora já acabou.
E você continua me chamando pra mais.

Querida você é tudo que eu quero
E quando você está deitada em meus braços quase não consigo acreditar
Estamos no paraíso
E querida, é tudo o que eu preciso. Encontrei em seu coração
Não é tão difícil de ver que estamos no paraíso"

Algumas moças que estavam no fundo aplaudiram e sorriram. Não pela voz rouca de Dean, mas pela mensagem que a canção transmitia. Os homens que estavam no balcão estavam sérios, mas gostavam do entretenimento, queriam mais músicas. Uma música, era tudo que sabia. Quando Dean se virou viu Celia apoiada em um pilar de madeira numa posição provocativa e de braços cruzados. Seus olhos eram sedutores e românticos.
— Espero que essa canção não seja uma homenagem a quem estou pensando. — disse Celia.
— Os melhores dias de minha vida. — assentiu Dean.
— Então me dê esse microfone, porque agora é a minha vez de fazer um show.
A pequena plateia começou a aplaudir a entrada de Celia, muitos conheciam sua reputação, mas não faziam questão de comentar. Naquela noite ela teria outro propósito, era uma cantora, incumbida de sua função. Revelou-se um lado diferente de Celia, de uma verdadeira diva do passado com seu estilo bem característico de quem faz o que bem entende. O toque de piano começou a ser ouvido nos fundos, um homem que fazia a composição da música acompanhou Celia, e Dawn adorava aquela parceria. Queria ser a próxima a tocar o piano, e tinha uma canção bem planejada em sua cabeça.

E eu preciso de você agora esta noite.
E eu preciso de você mais do que nunca
E se você apenas me abraçar forte
Nós ficaremos abraçados pra sempre
E só vamos estar fazendo o certo, Porque nós nunca estaremos errados.
Não há nada que eu possa fazer, apenas um eclipse total do coração.

Eu realmente preciso de você hoje à noite
A eternidade vai começar esta noite.”

Os aplausos aumentaram. O que começou com uma pequena plateia já havia se tornado um público maior, e era o gerente quem ganhava com aquilo. Quando dois policiais chegaram para ver o que acontecia Dean se escondeu atrás de um dos pilares, mas os guardas pareciam apenas contemplar a canção, era Celia quem chamava a atenção.
Dawn bateu palmas para seus dois, a menina caminhou em direção de Celia e abraçou-a como a sua mãe. A moça segurou nos ombros miúdos da menina e apontou para o piano velho num canto do palco. Era mais simples do que aquele no depósito, mas estava mais afinado e deveria se basear no mesmo estilo. O homem que fazia o acompanhamento permitiu que a garotinha viesse e mostrasse seu talento.
— Toque uma canção, eu aposto que o Ed irá adorar quando souber.
Fez-se um silêncio, a atenção centralizou-se na pequena garota. Dawn sentou em frente ao piano de forma acanhada, ergueu as mangas de seu blusão, e assim, tocou nas teclas de forma suave. Ela podia sentir as mãos marcadas de Ed sobre as suas, como se ele a guiasse e sussurrasse em seu ouvido cada tecla que deveria ser transmitida. No começo ela não sabia bem o que estava acontecendo, só sentia que queria tocar.
Não havia ruídos, não havia vozes que a interrompessem. Celia lembrava-se uma letra que conhecera em um filme antigo, e pensou numa forma de emendá-la com as notas sempre iguais que a menina tocava. Se as duas tinham algum talento para música haviam acabado de descobrir.
— Certa vez, ouvi a letra dessa música... Em noites que tudo parecia perdido para mim eu não via como me erguer, mas então, percebi que havia algo a mais no horizonte. Algo mais belo além daquilo que imaginamos. — disse Celia.

"Repouse sua frágil e cansada cabeça
A noite está começando você chegou ao fim da jornada
Durma agora, e sonhe com os que vieram antes
Eles estão chamando das praias distantes

Por que você chora?
O que são essas lágrimas no rosto?
Logo você verá que todo esse medo passará...
Seguro em meus braços você apenas dorme.
Os navios vieram para te levar para casa."

A música havia conquistado a todos. Dawn não estava sozinha tocando o piano, outro homem fazia a parte mais importante da melodia por trás, corrigindo erros de forma discreta e tornando a canção uma verdadeira súplica.
Algumas pessoas faziam questão de aplaudir de pé, os dois guardas na entrada também, provavelmente não haviam notado que era a mesma criança que tinha fugido do orfanato há um mês. A multidão não chegava nem perto das milhares que Ed dissera, mas para Dawn, era algo muito maior, eram milhões. Um número que ela jamais aprenderia a contar nos dedos. O velho não havia mentido, tocaria como se fosse sua última vez para o máximo de pessoas que pudesse, tocaria de coração, pois era aquilo que ele amava.
No fim das contas, Dawn parecia ter descoberto o que sempre buscara em sua vida. Não queria se tornar uma pesquisadora como seu pai sempre fora, não queria ser treinadora, Coordenadora, o que fosse. Queria ser Ed com suas canções, estar ao lado de Celia, Dean e seus pais. Viver com sua família até o fim de sua vida.
Celia se gabava do poder de sua voz, e do dinheiro que receberam no fim da apresentação. Dean carregou Dawn em seu colo e parabenizou a pequena pela apresentação.
— Dawnzinha, você arrasou! Conte isso para o Ed assim que voltarmos, ele ficará orgulhoso ao saber do show que você deu naquele bar! — disse Dean.
Os três seguiram lentamente até o albergue, caminhavam cantando suas glórias e comemorando a grande noite, porém, seus risos cessaram. Um velho senhor do albergue correu assim que avistou Dean retornando, não precisou dizer nada, apenas acenou a cabeça negativamente insinuando alguma coisa.
— Não, não, não!! — Dean praguejou três vezes antes de subir as escadarias correndo.
Celia tentou tapar um soluço que lhe saiu da boca. Dawn queria subir também, mas foi impedida pela moça. Era Celia quem a abraçava agora, exalava tamanha força e tristeza que fazia Dawn não entender absolutamente nada do que acontecia. Algumas lágrimas rolaram do rosto da mulher que que não queria acreditar se aquilo era verdade ou não.
— Por que está chorando, Celia? O que são essas lágrimas em seu rosto?  — disse Dawn.
A canção, Celia, não lembra? Logo seus medos irão passar...”
Dawn permaneceu quieta, assim como o silêncio. Dean não desceu as escadas, e as duas apenas permaneceram abraçadas no frio da noite. Celia sussurrava de forma triste em seu ouvido:
— Dawn, você é uma garota forte. Prometa que não importa o que acontecer, você vai permanecer em pé.
— Por que está dizendo isso? Aconteceu alguma coisa?
Celia hesitou.
— Aquele seria o último show do Ed.

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  1. Pô Legal Nossa Eu Entrei Aqui a 2 Horinhas N Tinha Nada Só Foi Entra '='

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  2. É, companheiro, a internet volta quando menos esperamos. Mas agora chega desse pesadelo, vamos voltar ao que realmente importa, certo? Infelizmente não consegui bolar muitas coisas, mas esse tempo foi bom para mim esfriar a cabeça do mundo virtual. Logo, logo, espero trazer mais notícias, e um capítulo prontinho para vocês. Abraços! :)

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  3. Hey Canas!
    Cara, eu estava conectado em Sinnoh (uso ela como a minha rádio pessoal kkkkkkkk) e quando atualizei a página de bobeira... *PUF* "I'm Back!" Depois se quiser dar uma olhada no e-mail, já enviei os sprites pendentes \õ/

    Sobre o capítulo, estava de arrasar. Algo que me deixou mesmo contente foi a transformação da Célia. Adoro quando personagens durões acabam ficando mais bonzinhos! God, eu sempre falo isso. Uma família feliz :))) Pode não ser a família mais normal do mundo, mas tem de todas as personalidades e embora não usem os meios mais corretos todos tem no fundo um coração bom, querendo ajudar o Ed. Que show, a Dawn, a Célia e o Dean devem ter arrasado, que máximo! Pena que o pobre Ed... É cara, nem tudo é um mar de rosas. Ansioso para a conclusão do especial, um dos melhores de sua autoria em minha opinião! Flw cara õ/

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  4. AEEEEE, finalmente eu consegui arrumar um tempinho a mais para fazer este coment...
    A Dawn a Célia e o Dean fizeram uma grande homenagem ao Ed, eles deram um verdadeiro show, pena que o velho Ed veio a falecer, pobre Dawn, quando souber da notícia vai ficar arrasada.

    Esse especial está realmente muito bom, um dos melhores na minha humilde opinião. Aguardo ansiosamente as atualizações do AES.

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  5. Você é mal Canas... Matou os pais da Dawn e agora o Ed. Já chega, né?

    Esse capítulo foi muito bonito. Deu para perceber que o Dean e a Celia já tiveram seus momentos juntos, na adolescencia talvez. Pena que o destino não foi muito bom com eles.

    Espero anciosamente a última parte do especial. Quero saber como a Dawn vai para Sangem e fica sendo assistente do professor.

    P.s.: Quem diz: “A canção, Celia, não lembra? Logo seus medos irão passar...” no final do texto?

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  6. Cara, esse trechinho final não tem ao certo alguém que tenha dito isso. É como se fosse a vontade que ficou no coração da Dawn, ou até mesmo os pensamentos da própria Celia. Não importa quem tenha dito, o que você precisa entender é que isso não foi dito por ninguém. Essa é a magia da leitura cara, vemos coisas que os personagens não são capazes, e passamos a torcer por eles.

    O final é o resultado de tudo. Infelizmente vai acabar parecendo tudo muito corrido, mas acho que isso demonstra o tempo que a própria Dawn ficou nas ruas. Digamos que um mês. E então, ela meio que se perdeu em seus sonhos, e passou a não querer mais nada da vida. Garanto terminar esse especial em breve, antes do Capítulo 46, e então, quem sabe já não podemos começar outro? kkkkk Vlws pelo comentário cara, abraços aí!

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  7. Nossa, fiquei arrepiado com esta ultima frase “Aquele seria o ultimo show do Ed”
    Na verdade o especial teve um inicio como todos os outros. Uma introdução do capitulo com apresentações e o cotidiano da pequena Dawn, mas nunca passou pela minha cabeça que ele terminaria de um modo tão grandioso como este, quando o Ed falou do concerto eu cheguei a pensar “nossa só falta ele morrer e este show for no céu”, mas quando percebi que o local realmente existia, esta idéia acabou saindo de minha mente, porém fui pego de surpresa!
    As cortinas se fecharam ao final de um grande show.
    Os detalhes da narrativa e a realidade da descrição sempre me fazem imaginar todas as cenas!
    Cara, fiquei pensando sobre as musicas, duas delas não consegui perceber quais são, mas a primeira letra me é familiar e a segunda seria “Total eclipse of the heart”?
    Como sempre só tenho elogios a fazer á este especial! Ele contém um ar maduro e toques de realidade que não observamos em fics de pokémons! E outra coisa que sempre me faz refletir é como você consegue mudar tão rápido de personalidade! É Canas... você realmente é o homem das mil faces.
    Parabéns como sempre!

    Flw

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